Alemanha e França, as duas maiores economias da União Europeia, estão travando uma 'batalha' sobre a melhor forma de cumprir a meta da UE que proibe a venda de carros com motores a combustão na região de partir de 2035. 

Na verdade, as duas potências têm opiniões divergentes sobre a questão de permitir exclusivamente a venda de veículos elétricos e com zero emissão na região. Em linhas gerais, a Alemanha quer uma exceção que possibilite motores a combustão com combustíveis sintéticos, enquanto a França é contra essa abertura.

Peugeot e-208 (2023)

O ministro das Finanças alemão, Christian Lindner, chamou a posição do governo francês contra os carros a combustão de "lamentável".

Por outro lado, Bruno Le Maire, ministro da Economia francês, foi muito contundente ao analisar a situação. 

"Você não pode dizer que há uma emergência climática, que nossas cidades estão muito poluídas [...] e atrasar a transição para veículos elétricos. Você não pode atrasar esse objetivo."

Nesse cenário, a Alemanha suspendeu a aplicação da nova regra para 2035 até que a Comissão Europeia apresente uma proposta vinculativa que exclua os veículos que funcionam com combustíveis sintéticos - essa linha de pensamento é apoiada por países como Itália, República Checa, Polônia, Romênia, Hungria e Eslováquia.

VW ID.3 Facelift (2024): O exterior

O ministro alemão critica ainda o fato da França não levar em conta que os carros elétricos a bateria são mais caros que os equivalentes a combustão, o que tornará a mobilidade elétrica menos acessível. 

No entanto, pelos movimentos atuais a tendência é de que o preço do carro elétrico se equipare ao dos modelos a combustão nos próximos anos. Já os combustíveis sintéticos são uma tecnologia muito recente e ainda mais caros do que a eletrificação direta, o que dificulta o argumento alemão.

porsche-fuel

Muitos especialistas apontam que os combustíveis sintéticos serão viáveis apenas para veículos de alto desempenho e modelos clássicos, devido ao enorme gasto de energia envolvido na sua produção a partir de hidrogênio e dióxido de carbono recapturados. Ao seu alto preço também deve ser adicionado o fato de que eles não resolvem o problema das emissões de NOx e partículas nocivas nos centros urbanos.

Por fim, o ministro francês diz que a Europa está entre 5 e 10 anos atrasada em relação à China no desenvolvimento de veículos elétricos. Nesse cenário, é necessário passar uma mensagem clara para a indústria automotiva local.

"Dizer que vamos eletrificar, mas que também vamos ficar um pouco com a combustão interna é economicamente incoerente e perigoso para a indústria. Não é do nosso interesse, não é do interesse das montadoras e não é do interesse do planeta."

Fonte: Automotive News