O grande acidente na Fórmula E e a segurança dos carros elétricos
O acidente mais grave da história da Fórmula E ocorreu durante a corrida de sábado. Veja o que que se pode aprender
Os automóveis eléctricos são seguros? Esta é uma das perguntas mais frequentes dos últimos tempos. A resposta foi dada pelo grande acidente do ePrix de Roma de Fórmula E, o mais grave de sempre nas nove temporadas do circo elétrico.
Estiveram envolvidos vários monopostos que se chocaram entre si a velocidades fora do comum para os carros elétricos "normais" que conduzimos todos os dias. O caso é claramente extremo, mas pode nos dar uma ideia de quão longe a tecnologia de emissões zero chegou atualmente em termos de segurança. Aqui estão todos os detalhes.
Carros de corrida seguros
Já dispomos de dados claros sobre a segurança dos automóveis elétricos graças aos testes de colisão realizados pela Euro NCAP, entidade europeia independente de segurança rodoviária que há anos testa modelos alimentados por bateria em situações normais de acordo com parâmetros puramente relacionados com o uso em vias públicas.
Mas o que é que acontece quando isto é levado ao extremo? Analisando em detalhes o incidente que ocorreu na pista da Fórmula E no último sábado (15), na nona volta, é evidente que o problema ocorreu depois de o Jaguar de Bird bater violentamente no lado direito da pista, após perder perder o controle devido a uma depressão na pista.
Depois de rodar cerca de 180 graus, o monoposto felizmente parou, sem que o condutor ficasse ferido. Os verdadeiros problemas, no entanto, começaram alguns segundos depois, quando os outros carros da corrida chegaram ao local em alta velocidade, colidindo inevitavelmente com o carro britânico. Os envolvidos no impacto mais violento foram o Envision de Buemi e o Maserati de Mortara.
O monoposto de terceira geração da Fórmula E
Após o impacto, a corrida foi suspensa durante vários minutos para trazer de volta às boxes os "restos" dos monopostos envolvidos no grave acidente, com os pilotos a comentarem várias vezes durante a tarde que temiam pelas suas vidas.
Felizmente, porém, ninguém ficou ferido e não houve incêndios, apesar da elevada força G registada. Mas como é que isto foi possível? A resposta, neste caso, está na construção dos monopostos, feitos com um Chassis Spark concebido pela Dallara - líder neste tipo de tecnologia - com uma célula de altíssima resistência para o piloto e para o pack de baterias.
Apesar de uma ponta de chama emergir da traseira do Envision, o carro não se incendiou continuamente, permitindo que o piloto saísse ileso da estrutura.
O monolugar de terceira geração da Fórmula E
Competições antecipam tecnologias
Quem acompanha o mundo das corridas, seja qual for o seu gênero, sabe que, muitas vezes, os construtores utilizam carros nascidos para a pista para testar exaustivamente tecnologias que poderão um dia chegar aos carros de produção.
Deste ponto de vista, é evidente que o acidente demonstrou que a segurança dos automóveis elétricos - especialmente no que diz respeito à estanquicidade das baterias - está longe de ser baixa, pelo contrário. É certo que a construção do habitáculo é tão diferente quanto possível da de um automóvel de rua, mas a gaiola que contém os acumuladores poderá ser utilizada futuramente nos modelos normalmente comercializados.
Fazendo uma breve comparação com os episódios mais graves da Fórmula 1 nos últimos anos, é claro que, se fosse um carro térmico, poderíamos ter visto neste acidente o que vimos no Grande Prêmio do Bahrein com Romain Grosjean, cujo carro foi engolido pelas chamas depois de bater nas barreiras e derramar combustível, ou o que aconteceu com Max Verstappen no GP de Silverstone em 2021.
É claro que os carros elétricos também podem incendiar-se, como demonstraram os numerosos acidentes no mar nos últimos três anos, mas a investigação levada a cabo pelas equipes de Fórmula E está se revelando muito bem sucedida, conseguindo proteger as baterias mesmo em casos extremos como o de Roma.
Sobre os carros de corrida elétricos
Em resumo, os carros de terceira geração da Fórmula E são superesportivos com dois motores — 250 kW na frente e 350 kW na traseira. Seus motores elétricos proporcionam eficiência energética de 95%, em comparação com aproximadamente 40% para um motor de combustão interna. No entanto, apenas o traseiro que impulsiona o carro para a frente, enquanto o dianteiro atua como um regenerador durante a frenagem, até picos de 600 kW.
A velocidade máxima que podem atingir é de 322 km/h e podem ser recarregados pelas estações de carregamento móveis da ABB com uma potência de 160 kW quando ligados a um único carro ou 80 kW quando ligados a dois carros ao mesmo tempo.
Fórmula E - São Paulo E-Prix 2023
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