Apesar do crescimento dos veículos elétricos, surge a dúvida: eles realmente são ecológicos? Um novo estudo da BloombergNEF afirma que sim, em todos os casos analisados, os carros elétricos têm menor emissão de CO2 ao longo de sua vida útil do que os modelos a combustão, até mesmo com a energia vindo de fontes não limpas.
A grande diferença está em quando as emissões acontecem. Carros elétricos têm maior impacto ambiental na fase de fabricação, principalmente devido às baterias. Já os veículos a gasolina liberam gases nocivos ao longo de toda a vida útil.
Para esclarecer isso, a pesquisa analisou cinco regiões: Estados Unidos, China, Alemanha, Reino Unido e Japão. O resultado mostrou que, nesses locais, um carro elétrico médio fabricado hoje e dirigido por 250.000 km emitiria de 27% a 71% menos CO2 do que um carro a combustão equivalente.
No Brasil, dados específicos não foram divulgados, mas certamente teríamos números ainda melhores que os mostrados pela pesquisa que se baseia nos principais mercados globais. De modo geral, o estudo indica o tempo que leva para um carro elétrico se tornar mais ecológico do que um a gasolina, considerando a quilometragem rodada e a matriz energética local.
Nos Estados Unidos, por exemplo, esse ponto de equilíbrio seria atingido em 41.000 km, cerca de dois anos de uso. Já na China, onde a rede elétrica ainda depende mais de combustíveis fósseis, seriam necessários 118.000 km, aproximadamente 10 anos.
A boa notícia é que, com o aumento da geração de energia limpa no mundo todo, esse tempo deve diminuir bastante até o final da década. Em uma situação onde a eletricidade fosse 100% renovável, o carro elétrico seria vantajoso desde o primeiro quilômetro rodado - vale destacar que o Brasil tem quase 90% de geração de energia elétrica proveniente de fontes limpas.
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O estudo prevê que, nos cinco mercados pesquisados, o ponto de equilíbrio para um carro elétrico fabricado em 2030 cairá para entre um e quatro anos de uso. Nos EUA, bastariam 21.000 km, pouco mais de um ano, para o elétrico ser mais limpo. Na China, o tempo seria um pouco maior (quatro anos), mas ainda bem inferior ao cenário atual.
É importante lembrar que o impacto ambiental do carregamento varia de acordo com a região e até mesmo o horário. Por exemplo, na Califórnia, carregar o carro durante o dia gera metade da emissão de CO2 por kWh do que carregar à noite. Essa diferença tende a aumentar no futuro, com o uso de mais fontes renováveis durante o dia.
Além da matriz energética, melhorias no processo de fabricação de baterias também podem tornar os carros elétricos ainda mais ecológicos. A reciclagem e a produção local das baterias reduziriam a emissão de gases associada ao transporte desses componentes.
Em resumo, o estudo da BloombergNEF reforça que os carros elétricos são o futuro do transporte limpo, mesmo considerando o impacto da fabricação e a atual dependência de fontes não renováveis de energia em alguns mercados. Com o avanço da tecnologia e a rápida expansão da geração limpa, a vantagem ambiental dos elétricos só tende a aumentar.
Fonte: BloombergNEF