A Stellantis anunciou um investimento de R$ 14 bilhões na fábrica em Betim (MG) nesta segunda-feira (20), em uma coletiva com Emanuele Cappellano, presidente da empresa para América do Sul. No entanto, o assunto acabou desviando para outro tema: a chegada da Leapmotor ao Brasil em 2024, vendendo carros elétricos chineses.
O anúncio, realizado no dia 14 de maio, pegou a indústria de surpresa, ainda mais considerando o histórico da Stellantis, que até então defendia o uso do etanol e tratava a oferta de mais carros elétricos como algo distante. A empresa até tem planos de produzir carros elétricos no Brasil, porém seria a última etapa da estratégia de eletrificação, no novo ciclo de investimentos de R$ 32 bilhões no país até 2030.
Leapmotor C10
Questionado sobre a relação com a Leapmotor e como funcionará a operação no Brasil, Cappellano explicou que o acordo com a fabricante chinesa prevê o compartilhamento de tecnologias e que é uma oportunidade de disponibilizar mais opções para os brasileiros. Hoje, o único carro de passeio elétrico da Stellantis ainda à venda no país é o Fiat 500e – tanto o Peugeot 2008 quanto 208 estão aguardando pelo lançamento da versão reestilizada, com o SUV compacto confirmado para o 2º semestre.
Respondendo sobre a possibilidade de vender os modelos sob outra marca, como a Fiat fez com a Titano, o executivo disse que vê uma oportunidade de branding e a Stellantis tem a experiência necessária na área. Ou seja, a Leapmotor deve ter uma rede própria, recebendo concessionárias próprias e com uma operação separada. Não é uma surpresa, considerando que a marca está em uma joint venture separada e que seria uma forma de enfrentar outras marcas chinesas como BYD e GWM.
Nos bastidores, apenas o SUV C10 está confirmado para o Brasil, enquanto o compacto T03 não é considerado neste momento por conta dos custos. Será uma forma de evitar a canibalização com modelos mais acessíveis das outras marcas da Stellantis, principalmente com os elétricos importados da Europa. O C10 não teria este problema. Mesmo que tenha um tamanho próximo do Jeep Commander, medindo 4,73 m de comprimento, a fabricante não tem uma opção 100% elétrica neste segmento.
O objetivo da Stellantis é ter acesso às tecnologias da Leapmotor, como o sistema Cell-to-Chassis, que integra as baterias ao chassi para reduzir o peso total e evita ocupar espaço na construção do veículo. Não é uma estratégia estranha, pois recentemente a VW anunciou uma parceria com a chinesa XPeng para desenvolver juntas uma plataforma nova para veículos elétricos.
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