Principal obstáculo para o avanço dos carros elétricos, o custo das baterias agora está em queda livre, e isso deve ter um impacto significativo no mercado automotivo global. Em apenas um ano, o preço das células de fosfato-ferro-lítio (LFP) caiu 51%, para uma média de US$ 53 por quilowatt-hora na China.
Segundo um novo estudo divulgado pela Bloomberg, essa queda acentuada está ligada a diversos fatores. Em primeiro lugar, o custo das matérias-primas vem diminuindo bastante nos últimos 18 meses. O cátodo, componente que concentra a maior parte do custo de matéria-prima em uma bateria LFP, passou de 50% do custo total no início de 2023 para menos de 30% atualmente.
Além disso, o excesso de capacidade de produção está levando as fabricantes a reduzir preços para manter participação de mercado. Atualmente, a China produz mais baterias do que a demanda global por veículos elétricos, e esse problema deve piorar antes de voltar a melhorar.
E com o preço médio das baterias se aproximando do custo real de fabricação, as margens de lucro estão ficando mais apertadas para os fornecedores. Além disso, as principais fabricantes chinesas de baterias, como CATL e BYD, continuam investindo fortemente em pesquisa e desenvolvimento, automação e novas fábricas. Isso abre um cenário de preços baixos para baterias nos próximos anos.
Na China, o preço das baterias para veículos elétricos já está abaixo do patamar de US$ 100 por kWh desde outubro de 2023, tornando os carros elétricos tão acessíveis ou até mais baratos que os modelos a combustão na maioria dos segmentos. A China, como o maior mercado automotivo do mundo, já demonstra essa tendência, com veículos elétricos sendo a opção mais econômica em média, mesmo excluindo os subcompactos urbanos.
Embora leve algum tempo para esses preços se refletirem globalmente, a tendência já começou. Fabricantes de veículos comerciais elétricos, que normalmente pagavam acréscimos significativos por baterias em comparação com o mercado de automóveis, também devem se beneficiar.
O setor de armazenamento estacionário de energia pode ser o maior beneficiário. A queda no preço das baterias torna o armazenamento de energia em larga escala muito mais atrativo economicamente.
Esse cenário mostra que as previsões de escassez de baterias e metais para baterias estavam erradas, pelo menos até agora.
Considerando que o Brasil é um dos principais destinos de carros elétricos da China, é natural supor que haverá impacto com preços mais baixos em nosso mercado no futuro. Mas o cenário aqui é mais complexo e o futuro da transição energética na indústria automotiva ainda está em discussão. O governo aprovou o regime automotivo Mover, que incentiva veículos mais limpos, mas, por outro lado, setores da indústria e governo divergem sobre incentivar ou taxar veículos elétricos/híbridos, o que pode mitigar essa vantagem do menor custo das baterias nesse primeiro momento.
Fonte: Bloomberg
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