A tensão comercial entre o Ocidente e a China se acirra. Em resposta às recentes tarifas impostas pelos Estados Unidos e pela União Europeia sobre a importação de carros elétricos chineses, o Departamento de Comércio dos EUA prepara-se para anunciar novas restrições direcionadas a veículos movidos a bateria fabricados no país asiático.
As regras refletem a postura mais rígida do governo Biden em relação à indústria automotiva da China, que surgiu nos últimos anos como uma potência global na fabricação de veículos elétricos e baterias. Em maio, os EUA anunciaram novas tarifas de 100% sobre os carros elétricos chineses, na esperança de proteger as montadoras nacionais de um dilúvio de importações baratas (e, o que é mais importante, de alta qualidade).
Mas, à medida que os veículos se tornam cada vez mais parecidos com smartphones sobre rodas, os carros físicos em si são apenas parte do cenário. Agora, os Estados Unidos estão analisando atentamente os riscos à segurança nacional representados pelo software chinês.
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"Estamos analisando alguns componentes e alguns softwares - não o carro inteiro - mas seriam alguns dos principais componentes do veículo que gerenciam o software e gerenciam os dados do carro que teriam de ser fabricados em um país aliado", disse Alan Estevez, subsecretário de Comércio para Indústria e Segurança, na terça-feira, em um fórum no Colorado, segundo a Reuters.
Estevez deu o alerta sobre o tesouro de dados confidenciais que os carros modernos e conectados à Internet podem coletar sobre seus proprietários.
"Um carro é uma coisa muito assustadora", disse ele, segundo a Reuters. "Um carro moderno tem um monte de software nele. Ele está tirando muitas fotos. Tem um sistema de propulsão. Está conectado ao seu telefone. Ele sabe para quem você liga. Sabe para onde você vai. Ele sabe muito sobre você".
As restrições seriam resultado de uma investigação do Departamento de Comércio, iniciada em fevereiro, sobre a ameaça à segurança nacional representada pelos veículos conectados, especialmente os da China. Na época, a Casa Branca observou que os carros conectados poderiam "registrar informações detalhadas sobre a infraestrutura dos EUA" e poderiam ser "pilotados ou desativados remotamente".
"Não é preciso muita imaginação para pensar em como um governo estrangeiro com acesso a veículos conectados poderia representar um sério risco tanto para a nossa segurança nacional quanto para a privacidade pessoal dos cidadãos americanos", disse a Secretária de Comércio dos EUA, Gina Raimondo, em fevereiro. Os comentários de Estevez pintam o quadro mais completo até o momento do tipo de ação que o Departamento de Comércio planeja propor.
Os receios com relação à segurança são recíprocos. No passado, a China supostamente barrou a entrada de veículos fabricados pela Tesla, uma empresa americana, em determinadas instalações governamentais e militares devido a preocupações com a privacidade.
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