Fabricantes pedem "ação urgente" diante de metas de emissões de CO2
Marcas europeias solicitam revisão antecipada das regras previstas para 2025, devido à queda na demanda por elétricos
A Associação Europeia de Fabricantes de Automóveis (ACEA) fez um apelo para que a União Europeia adote "ações urgentes" frente às metas de emissões de CO2 que entrarão em vigor em 2025. Com uma desaceleração na demanda por veículos elétricos (EVs), a indústria automotiva teme que o cumprimento das metas possa acarretar multas significativas, que podem chegar a bilhões de euros.
O pedido foi feito em uma declaração emitida pela ACEA no dia 19 de setembro, após uma reunião de sua diretoria. A associação, que representa os maiores fabricantes de automóveis da Europa, solicitou que a revisão das regulamentações sobre emissões de CO2, atualmente prevista para 2026 e 2027, seja antecipada para o próximo ano.
Embora o grupo tenha expressado preocupação com as metas, ele parou de solicitar formalmente o uso de regulamentos emergenciais para adiar as regras da UE, que visam limitar as emissões de CO2 a cerca de 95 gramas por quilômetro por veículo. No entanto, um rascunho de proposta recente sugere que essa medida pode estar em consideração.
Luca de Meo, presidente da ACEA e CEO do Grupo Renault, destacou que a falta de flexibilidade nas regras poderia levar à paralisação da produção de cerca de 2 milhões de carros, ou a multas que podem alcançar aproximadamente 15 bilhões de euros. A ACEA reiterou que os fabricantes estão comprometidos com a transição para veículos mais limpos, mas que os "elementos necessários" para essa mudança ainda não estão plenamente implementados.
Galeria: Citroën ë-C3 (2024) (Europa)
Por outro lado, a indústria automobilística europeia está dividida sobre como lidar com as metas de 2025. Oliver Blume, CEO do Grupo Volkswagen, defende a necessidade de ajustes nos objetivos, afirmando que não é justo que as empresas sejam penalizadas quando as condições para a expansão dos EVs não estão adequadamente estabelecidas. Já Carlos Tavares, CEO da Stellantis, acredita que as metas devem ser mantidas, argumentando que as mudanças nas regras às vésperas de sua implementação podem comprometer o combate ao aquecimento global.
A análise mais recente da Dataforce revelou que fabricantes como Volkswagen e Ford são os que correm maior risco de não atingir as metas de 2025. Um dos fatores que contribui para essa dificuldade é a queda na demanda por veículos elétricos, após a redução de incentivos governamentais. Além disso, a concorrência de fabricantes chineses no mercado europeu tem se intensificado.
De acordo com dados da ACEA, de janeiro a julho deste ano, os veículos totalmente elétricos representaram apenas 12,5% dos novos emplacamentos de carros na União Europeia, bem abaixo do necessário para cumprir as regras de emissões mais rigorosas.
Esse cenário coloca pressão sobre o prazo da UE para a proibição efetiva da venda de novos carros a combustão a partir de 2035, gerando um debate sobre o futuro da indústria automotiva europeia.
Por fim, a ACEA se posicionou a favor de uma discussão com a Comissão Europeia sobre a possibilidade de um pacote de medidas de alívio de curto prazo para as metas de CO2 de 2025, tanto para automóveis quanto para vans.
Fonte: Automotive News
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