E surge mais uma atualização preocupante sobre o mercado automotivo europeu. A Volkswagen, maior fabricante de automóveis da Europa, enfrenta uma das reestruturações mais profundas de sua história, com o possível fechamento de três fábricas na Alemanha e cortes significativos de empregos.
A medida surge em meio a uma crise no segmento automotivo europeu, impulsionada por altos custos de produção, concorrência intensa de fabricantes asiáticos e pressões para acelerar a transição para veículos elétricos. É a primeira vez desde o final da Segunda Guerra Mundial que a empresa considera fechar plantas em território alemão, um passo que reflete a gravidade do cenário atual.
Segundo o conselho de trabalhadores, a Volkswagen planeja reduzir drasticamente sua estrutura de custos operacionais, o que inclui fechamento de fábricas e redimensionamento das plantas remanescentes. Embora os locais específicos das fábricas em risco não tenham sido divulgados, a decisão representa um impacto direto nas operações domésticas da companhia, onde emprega cerca de 300 mil pessoas. O fechamento de unidades alemãs, caso se concretize, simboliza uma transformação significativa na base industrial do país, afetando milhares de trabalhadores e reverberando por toda a cadeia de fornecedores e parceiros locais.
"A administração está absolutamente empenhada sobre tudo isso. Isso não é uma mera ameaça de barganha nas negociações coletivas," disse Daniela Cavallo, presidente do conselho de trabalhadores da Volkswagen.
"Este é o plano do maior grupo industrial da Alemanha para começar a vender ativos em seu próprio país," acrescentou Cavallo.
As discussões com sindicatos sobre os cortes estão tensas, com líderes sindicais alertando para possíveis greves caso o plano de reestruturação siga em frente. Daniela Cavallo, presidente do conselho de trabalhadores da Volkswagen, descreveu o plano como um "sinal de alerta" para o futuro da indústria automotiva alemã. O sindicato IG Metall, que representa os trabalhadores do setor, também manifestou uma postura firme, destacando que a Volkswagen está “em uma rota distópica” caso prossiga com a redução de sua presença industrial na Alemanha.
A situação crítica da Volkswagen espelha uma tendência na indústria automotiva europeia, que tem perdido competitividade devido aos custos elevados de energia e mão de obra e à pressão regulatória durante a transição para carros elétricos. O governo alemão, ciente do impacto potencial no setor e na economia nacional, está em diálogo com a Volkswagen e representantes dos trabalhadores para tentar mitigar os efeitos das mudanças. As tarifas da União Europeia sobre veículos elétricos chineses, que entrarão em vigor em breve, e a retração do mercado chinês, que representa uma fatia significativa das exportações alemãs, somam-se aos desafios enfrentados pela fabricante.
Thomas Schäfer, CEO da marca Volkswagen, observou que as fábricas alemãs estão operando com um custo 25% a 50% acima do ideal, devido a ineficiências e baixa produtividade. Isso coloca as operações da Volkswagen em desvantagem em relação a concorrentes mais eficientes, como a Renault e a Stellantis, cujas ações têm apresentado melhor desempenho de mercado.
A Volkswagen deve apresentar, nos próximos dias, um conjunto de propostas para corte de custos e redução de sua folha de pagamento, visando alinhar suas operações à nova realidade do setor. No entanto, sindicatos e trabalhadores se mostram resistentes à ideia de cortes. Em paralelo, o governo alemão discute possíveis incentivos para revitalizar a economia industrial e evitar um impacto ainda maior na sua base de empregos.
Fonte: Reuters
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