GM e Stellantis: estratégia para enfrentar elétricos chineses no Brasil
Grupos automotivos recorrem a parcerias com marcas chinesas para aumentar participação em carros elétricos
O que as marcas tradicionais farão para enfrentar a concorrência cada vez mais feroz dos novos modelos chineses? O mercado de carros elétricos e híbridos plug-in avança a passos largos no Brasil, com expectativa de crescimento anual de mais de 70% em 2024, e a maioria esmagadora desse aumento nos eletrificados vem de marcas chinesas.
Apenas para dar um exemplo do tamanho dessa expansão, temos a BYD, que fechará o ano com mais de 70 mil emplacamentos de carros elétricos e híbridos plug-in, o que consolidará a marca chinesa no top 10 entre as marcas automotivas no país. Outro exemplo de relevância é a também chinesa GWM, que encerrará o ano com quase 30 mil vendas de eletrificados.
Vendas de carros elétricos e híbridos devem avançar 70% em 2024
Dito isso, vale mencionar que a participação de mercado dos modelos plug-in, aqueles que vão na tomada, fica na casa dos 5% do mercado automotivo. E não há muita dúvida de que, nesse primeiro momento, a expansão desse segmento ficará nas mãos de marcas chinesas. Não podemos ignorar que marcas como Toyota e mesmo a Stellantis avançarão rápido em vendas de eletrificados, mas eles são majoritariamente do tipo MHEV ou HEV, ou seja, modelos com menor nível de eletrificação se comparado aos BEV e PHEV.
E, como já temos acompanhado, esse movimento de rápida ascensão das marcas chinesas não é um fenômeno exclusivo do Brasil. Regiões como Europa, Oriente Médio e Sudeste Asiático já verificam uma forte presença de modelos "Made in China" e, no caso deste último, vemos um rápido movimento de instalação de fábricas chinesas.
Leapmotor C10 (2024)
Stellantis
A Stellantis não é exatamente uma estranha no segmento de carros elétricos no Brasil. Vale lembrar que a marca vende por aqui o Fiat 500e e o já anunciado novo Peugeot e-2008, além do trio de comerciais Peugeot e-Expert, Citroën e-Jumpy e Fiat e-Scudo. No entanto, os volumes de vendas são baixos e, pela proposta e faixa de preço, não têm sequer a intenção de concorrer com os chineses.
Nesse cenário, a Stellantis fez um movimento ousado e comprou 20% das ações da nova marca chinesa Leapmotor, em troca de um investimento que também inclui a formação da Stellantis International – uma nova joint venture com a Leapmotor, na qual a primeira possui uma participação de 51%.
A joint venture garante direitos exclusivos para a Stellantis para a produção, venda e exportação de veículos da Leapmotor em todos os mercados fora da China. Assim, a Leapmotor utilizará a presença global da Stellantis para aumentar as vendas internacionais, começando na Europa, mas se expandindo posteriormente para outros mercados.
Rapidamente, a Leapmotor começou a produzir seus primeiros carros elétricos na Europa e, logo em seguida, anunciou uma nova expansão para a América do Sul. No Brasil, especificamente, o início das operações está previsto para o primeiro semestre de 2025 - a marca já fez o anúncio por aqui e lançou um site oficial.
Leapmotor T03
A Leapmotor utiliza a plataforma Leap 3.0 (também chamada de Four-Leaf Clover), que suporta carros elétricos a bateria (BEV) e EREVs. EREV é um tipo de elétrico que apresenta um pequeno motor de combustão que não está conectado às rodas, como no caso dos PHEVs, e só funciona como um gerador de energia para a bateria.
Falando dos modelos, a chegada do C10 ao país está prevista para o início de 2025. Além do C10, outros modelos da marca, como o compacto T03 e o sedã B10, também estão no radar para o mercado brasileiro. Unidades do C10 já foram vistas em testes na cidade de Betim (MG), indicando que a marca está se preparando para o lançamento no Brasil.
Chevrolet Blazer EV (BR)
General Motors
A GM tem um histórico com carros elétricos no Brasil desde a chegada da primeira geração do Bolt, no final de 2019. Nessa trajetória, teve o mega recall, lançamento da nova geração e a chegada da versão SUV, o Bolt EUV, que acabou ficando pouco tempo entre nós, antes de sair de linha com a transição na montadora norte-americana para os veículos elétricos de nova geração na plataforma Ultium.
Agora, em nova fase, a marca trouxe os modelos Chevrolet Blazer EV e Equinox EV ao país, dois dos modelos com as tecnologias mais recentes da marca. No entanto, eles têm proposta e faixa de preço (R$ 400 mil a R$ 500 mil) que os limitam a um segmento de mercado, não podendo fazer frente à avalanche de lançamentos de marcas chinesas, geralmente com preços bem abaixo desse patamar.
Diferentemente da Stellantis, a GM ainda não fez um anúncio oficial sobre chegada de marcas ou modelos elétricos produzidos na China. No entanto, temos apurado informações e acompanhado vários flagras de testes avançados com modelos chineses da joint-venture SAIC-GM-Wuling circulando no Brasil, sobretudo o Yep Plus, um SUV compacto que mede 3,99 metros e possui um motor elétrico traseiro de 101 cv (75 kW), 400 km de alcance e velocidade máxima de 150 km/h. Espere por anúncios importantes da GM nesse sentido ao longo de 2025.
Mas para não ficar restrito à Stellantis e GM, há outras parcerias nesse sentido, como recém-anunciada entre Xpeng e Volkswagen, que começaram a trabalhar juntas em 2023 e recentemente assinaram um acordo para desenvolver em conjunto uma arquitetura elétrica para uma série de carros de emissão zero que serão construídos na China.
Resumindo, temos aqui exemplos de montadoras tradicionais fazendo novos movimentos para lidar com uma situação totalmente nova: o rápido avanço da indústria automotiva chinesa em termos globais. Vamos continuar acompanhando o desenrolar dessas novas estratégias e qual será o grau de sucesso nessa nova realidade. Uma coisa é certa: preço, tecnologia e segurança estão entre os requisitos principais para fazer frente à invasão chinesa. A conferir.
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