Metas de CO2 na UE: indústria automotiva não pagará multas bilionárias
Análise desmente projeções alarmistas e explica metas realistas de CO2
A discussão sobre as metas de emissões de CO2 para a indústria automotiva europeia em 2025 tem gerado debates intensos, com estimativas apontando para multas de até €15 bilhões devido ao não cumprimento das regulamentações. No entanto, análises recentes da organização Transport & Environment (T&E) mostram que tais projeções são equivocadas e desconsideram a dinâmica do mercado automotivo.
Projeções distorcidas
As estimativas alarmantes surgiram a partir de dados de vendas de automóveis do primeiro semestre de 2024, ignorando estratégias adotadas pelas montadoras para atingir as metas no ano de referência, 2025. Esse tipo de cálculo é comparável a avaliar o desempenho de um atleta em um campeonato com base nos treinos do ano anterior.
Desde que as metas para 2025 foram anunciadas, em 2017, as fabricantes têm ajustado suas estratégias de produção e venda. Muitas optaram por segurar parte das vendas de veículos elétricos (EVs) em 2024, a fim de maximizar seu impacto positivo nas métricas de 2025.
De acordo com a T&E, a indústria automotiva tem uma ampla gama de ferramentas para atingir as metas de CO2, incluindo:
- Aumento nas vendas de veículos elétricos puros (BEVs);
- Ampliação da oferta de híbridos leves, plenos e híbridos plug-in;
- Uso de flexibilidades regulatórias, como compra de créditos de carbono entre fabricantes;
- Bonificações por veículos de zero e baixas emissões;
- Créditos por inovações tecnológicas (eco-innovation credits).
Mesmo no pior cenário, no qual algumas fabricantes falhem parcialmente em seus planos de produção, as multas totais não ultrapassariam €1 bilhão. A Volkswagen, por exemplo, poderia evitar qualquer penalidade aumentando suas vendas de carros elétricos de 15% para 17% ou, no melhor caso, atingir 22% de participação sem a necessidade de parcerias com outras marcas.
Metas ajustáveis por fabricante
Outro erro frequente nas projeções alarmistas é assumir que todas as fabricantes possuem o mesmo limite de emissões (95 gCO2/km). Na prática, essas metas são ajustadas com base em fatores como:
- Peso médio dos carros vendidos por cada fabricante;
- Bonificações por cumprimento de benchmarks de veículos elétricos.
As metas projetadas para 2025 variam, por exemplo, de 90 gCO2/km para a Volvo até 97 gCO2/km para a Stellantis, antes de considerar estratégias de pooling.
A análise da T&E reflete que as metas de CO2 para 2025 são realistas e alcançáveis. A indústria automotiva europeia já demonstrou capacidade de adaptação em situações similares no passado, como em 2019, quando reduziu as emissões médias em 20 gCO2/km em apenas um ano.
Portanto, é improvável que a indústria enfrente multas significativas, desde que continue implementando suas estratégias planejadas. O debate sobre o futuro regulatório do setor deve ser fundamentado em dados concretos, evitando distorções que possam comprometer decisões importantes para a transição energética no Velho Continente.
Fonte: Transport & Environment (T&E)
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