O novo Mustang Mach-E foi revelado ao mundo causando reações diversas pelo mundo. O InsideEVs Brasil, a convite da Ford do Brasil, viajou até Los Angeles para acompanhar a revelação mundial da novidade que marca o início de um novo capítulo na história da marca do oval azul.

A principal reclamação por parte de consumidores está relacionada ao nome. Mustang sempre foi um carro extremamente passional, que desperta os instinto de velocidade nas ruas e brilhou, em praticamente todas as suas gerações, nas telas de cinema. 

O Mustang é um ícone. Um ícone americano, um ícone global. Provavelmente, dentro de todo o portfólio da Ford, é o produto de maior força e respeito. E como, fazendo jus à todo esse legado, criar um novo veículo que não é um cupê, não tem apenas duas esportivas, mas sim um SUV, quatro portas e elétrico? A resposta para essa pergunta tem um nome: Dave Pericak. 

Mustang Mach E 2020 - Foto ao vivo

Pericak é o Diretor responsável pelos ícones da Ford. Isso mesmo, a Ford têm um departamento responsável por cuidar de seus ícones. Para que você entenda de quem estamos falando, Dave Pericak sempre cuidou da linha Mustang, mas nos últimos anos estava à frente de um grande projeto na divisão Ford Performance. O executivo foi responsável por todo o projeto do retorno do lendário Ford GT, aquele que voltou e venceu as 24 horas de Le Mans. Acho que você já entendeu o ponto que queria chegar.

O novo Mustang Mach-E é um carro familiar, elétrico, mas que obrigatoriamente tem que entregar as mesmas virtudes do Mustang cupê. Nunca terá a mesma gama de motores turbo, V6 e V8 do carro que se tornou clássico, mas nasce com a missão de atender os desejos de uma nova geração de consumidores. Provavelmente estamos falando dos nossos filhos pequenos, ou os filhos deles. 

Imagem ao vivo do Mustang Mach-E 2021

Durante as apresentações prévias feitas ao InsideEVs, conversamos com Pericak e tivemos a oportunidade de fazer um teste a bordo do Mach-E, ainda como passageiro, pois todas unidades eram protótipos. No hangar ao lado do local onde aconteciam os workshops, três unidades camufladas do novo Mach-E chegavam de mansinho (a apresentação aconteceria no dia seguinte). Logo aproveito para ocupar o banco do passageiro dianteiro. De cara observo o visual geral do acabamento, o funcionamento efetivo da grande tela de 15,5 polegadas, a leitura do painel de instrumentos. Os materiais ainda não eram os finais, e por isso o acabamento ainda estava com plástico cru. Me chamou a atenção a qualidade e conforto dos bancos, com excelente acomodação e que me deu a impressão de que poderia viajar por horas com tranquilidade.

Ao sair do aeroporto regional, local da apresentação, o motorista não vacila e piso fundo. A aceleração é visceral. O ganho de velocidade é impressionante, mesmo já esperando algo parecido por conta da entrega de torque imediata dos motores elétricos. Por vários quarteirões, aproveitando boas retas e semáforos verdes, a velocidade batia próximo a 100 milhas por hora (equivalente a 160 km/h), juntamente com uma forte frenagem. Aqui, foi possível ver como o Mach-E será divertido nas ruas ao entregar uma performance digna do Mustang cupê.

Ford Mustang Mach-E 2020

Após alguns minutos, retornamos ao aeroporto. Com pista livre, foi a vez de acompanhar de dentro do carro a aceleração de 0 a 100 km/h. Mesmo com quatro pessoas no carro, a sensação era de que o carro realmente precisa de menos de 5 segundos. A versão mais poderosa, batizada de GT, será capaz de acelerar de 0 a 100 km/h em menos de 4 segundos – mais rápido que um Porsche Macan Turbo. Já o GT Performance Edition deve chegar aos 100 km/h em cerca de 3 segundos, mesmo tempo de um Porsche 911 GTS. Ambos os modelos GT terão uma potência estimada de 465 cv e torque de 84,6 kgfm.

Outro ponto de destaque do Mach-E está na suspensão. Ao passar em trechos de pavimento ruim e valetas, se mostrou bastante amigável ao filtrar de modo eficiente as imperfeições e desníveis. Dentro do aeroporto, um teste de slalom com velocidades entre 80 km/ e 100 km/h mostrou baixíssimo nível de inclinação da carroceria, fruto do bom acerto da suspensão McPherson na dianteira e Five Link na traseira com Magnetic Ride.

A Ford também trabalhou muito na elaboração de um som artificial para substituir o ronco do motor V8. Dentro do carro, o som gerado é gradativo e transmite a mesma sensação de um carro a combustão. É interessante para uma transição e também para se ter noção do ganho de velocidade. Se você não quiser, basta desativar.

No fim do teste, a sensação era de que estávamos saindo de um carro esportivo. O fato de ser um SUV e ter o centro de gravidade mais alto é um fato, mas mesmo assim será empolgante de se conduzir. É um novo mundo, uma nova era, e por se tratar de um elétrico, consegue manter o DNA esportivo que deu sucesso mundial ao nome Mustang.

Galeria: Ford Mustang Mach-E 2020