Teste: Audi e-Tron explica sucesso com receita de SUV elétrico
Primeiro 100% elétrico da marca reúne tecnologias com boa potência e explica sucesso após pouco mais de 1 ano de lançamento
Carros 100% elétricos ainda estão longe de serem acessíveis para uma boa parte da população - basta ver que a opção mais barata é o JAC EJS-1 por R$ 150 mil. Marcas premium estão aproveitando isso e o aumento da busca por esse tipo de veículo e, em 2020, a Audi entrou nessa onda com o SUV e-tron, um dos elétricos mais vendidos do nosso mercado mesmo com uma etiqueta acima dos R$ 500 mil.
Para a linha 2021, o Audi e-tron recebeu, opcionalmente, os faróis Digital Matrix LED, com a capacidade de projetar gráficos e informações, novas rodas de 21", capacidade de carregamento de 22 kW e a segunda tomada, no lado direito do carro. Por dentro, carregador de smartphones por indução, uma ausência um tanto esquisita em um carro com tanta tecnologia no ano/modelo anterior.
Nem o primeiro, muito menos o último
Um SUV 100% elétrico não foi uma novidade no mercado brasileiro quando o e-tron apareceu. Jaguar I-Pace chegou antes e o Mercedes-Benz EQC um pouco depois. E teremos muitos outros com o passar dos anos, reunindo a moda SUV com a eletrificação, sendo que a própria Audi fará isso com modelos como o Q4 e-tron, o irmão menor do e-tron. Mas é inegável que o e-tron foi o melhor aceito no mercado local com uma boa vantagem.
Começando pelo visual, o e-tron passa "despercebido" pelas ruas. Coloquei entre aspas pois, como um SUV da Audi, ele é naturalmente um imã de olhares e, mesmo após mais de 1 ano de lançamento, ainda deu para ver alguns celulares apontados para ele. Porém, seu visual não é tão futurista como do Jaguar e do EQC, algo que o consumidor procura e foge da antiga tradição dos elétricos serem muito diferentes visualmente.
As novas rodas de 21" mudaram o visual do e-tron. Esta é a versão Performance Black, que tem os detalhes como frisos e detalhes em preto e logos em alumínio acetinado. Se não fossem os retrovisores em câmeras, passaria por um SUV tradicional da Audi com facilidade. Na dianteira, mantém o capô (que abriga um segundo porta-malas com 60 litros) e boas entradas de ar para ajudar na aerodinâmica e resfriar freios, por exemplo.
O Audi e-tron também guarda muitas semelhanças com os SUVs tradicionais da marca ao usar a plataforma MLB Evo, a mesma deles, com mudanças para receber a eletrificação e, até por isso, ele manteve partes como o capô. Em termos mais simples, se a Audi quisesse fazer um e-tron a combustão, seria "simples".
Chão de baterias e 2 motores
O Audi e-tron usa 2 motores elétricos para dar origem a um sistema de tração integral elétrica. Um no eixo dianteiro e outro no traseiro, faz a distribuição de forma automática e, em conjunto, fornecem 408 cv e 67,7 kgfm de torque. O traseiro, com 222 cv e 36,2 kgfm, é o principal, deixando o dianteiro de 184 cv entra em ação em situações específicas. No assoalho, 36 módulos de baterias com 95 kW de capacidade e 700 kg.
A similaridade do e-tron com demais modelos da Audi é boa em diversos aspectos. Por dentro, por exemplo, basicamente o mesmo layout de três telas que vemos nos A6/A7 e Q7/Q8, sendo uma para o painel de instrumentos, que no elétrico tem uma configuração de exibição exclusiva entre as opções, um sistema multimídia com fácil navegação e espelhamento sem fios, e comandos de ar-condicionado e outras funções do carro. O volante é exclusivo.
Tudo dentro do e-tron é fácil de ser encontrado, ainda mais se tiver alguma familiaridade com outro modelo da marca. Seletor de modos de condução, câmeras 360º com visualização 3D, os polêmicos retrovisores em câmeras, sistema de som assinado pela Bang&Olufsen, assistentes de condução com piloto automático adaptativo e assistente de faixa...um pacote bem completo e conhecido, sem muitos exageros - a não ser as câmeras no lugar do retrovisor...
Depois eu entro na questão dos retrovisores. O e-tron não quer ser futurista demais nem mesmo na hora de andar. É fácil dirigir o SUV, que mesmo com boa dose de potência, coloca isso no chão de forma bastante linear. É dócil na cidade, juntando a suspensão a ar bem calibrada mesmo para nosso asfalto, e o silêncio tanto pelo uso dos motores elétricos quanto pelo isolamento acústico reforçado. Interessante a função que, usando câmeras de radares, mesmo com o ACC desligado, reduz a velocidade e aproveita para regenerar a carga das baterias quando vê um carro adiante.
Durante nosso período de teste, o e-tron registrou uma média de 4,42 km/kWh na cidade, o que nos daria uma autonomia de quase 420 km se utilizasse todo os 95 kWh das baterias, mas são 86,5 kWh utilizáveis - ou uma autonomia de 382 km. Na estrada, o consumo foi de 3,99 km/kWh, ou uma autonomia de 345 km. A nova tomada de 22 kW permitiu recuperar 50% da carga em cerca de 2 horas em um carregador normal encontrado em shoppings, mas o de carga rápida, ainda raro pelas ruas, fez praticamente o mesmo em apenas 45 minutos.
Novos hábitos e costumes
Sim, conviver com um 100% elétrico é bem mais fácil do que há mais ou menos 2 anos. É uma mudança no estilo de vida, aproveitando momentos para recarregar e dando preferência por locais onde existem os pontos, que também aumentaram nesse tempo. Com o e-tron 2021, foram mais de 600 km incluindo uma viagem para cerca de 140 km de São Paulo (SP), o que mostrou que ele exige sim uma mudança de hábitos, mas nada tão profundo quanto parece.
Carregar em casa, ir ao mercado onde tem um ponto, escolher um shopping com um carregador...tudo isso entra em sua mente. Confortável, o e-tron é um SUV com bom espaço interno, ar-condicionado de 4 zonas, porta-malas com abertura elétrica, o que explica seu sucesso de vendas. Em nossos testes, ainda acelerou de 0 a 100 km/h em 5,6 segundos no modo Dynamic e tem uma dirigibilidade boa, aproveitando o centro de gravidade baixo pelo peso das baterias no assoalho e direção direta e comunicativa.
Uma das poucas reclamações fica para os retrovisores por câmeras. No uso, é bem adaptável, mas para manobrar é quase obrigatório apelar para a câmera 360º, já que as câmeras laterais não passam uma confiança total principalmente em vagas mais apertadas, mudando a perspectiva a qual estamos acostumados.
O melhor?
Existem elétricos mais baratos, como o Mini Cooper SE e o Fiat 500e, ou mais caros, como o Porsche Taycan. Entre os concorrentes diretos, o Audi e-tron é o que mais vende e entendemos isso por seu conjunto. Barato não é, começando em, R$ 614.990 e ultrapassando com vontade os R$ 700 mil se totalmente equipado inclusive com os espetaculares faróis adaptativos e que projetam imagens no chão. Aos que querem entrar nesse mundo e tem isso para gastar, terá espaço interno, porta-malas, usabilidade e toda a força do conjunto elétrico. Quer mais potência? Espere um pouco pelo S e-tron Sportback e mais de 100 kgfm de torque...
Audi e-tron Performance Black quattro
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