Teste Porsche Taycan Turbo S: Sem gasolina, com muito orgulho
1° elétrico da marca não quer saber de postos tradicionais, mas chega aos 100 km/h em apenas 3 segundos e cravou um recorde
Ferdinand Porsche (1875 - 1951), o fundador da marca alemã com seu sobrenome, já apoiava o uso de propulsão elétrica em automóveis - no final do Século XIX, trabalhou em protótipos elétricos, sendo que a Porsche nasceria apenas em 1931. Considerando o histórico, este senhor deve estar bem feliz com os rumos que a empresa que fundou tomou, principalmente após a apresentação do Taycan.
O primeiro modelo 100% elétrico da marca trouxe um novo caminho para a Porsche, uma nova fase, que apesar de não ter motor a combustão, ainda se enquadra como um esportivo com diversos superlativos. E aqui está o Taycan Turbo S, a versão topo de linha do granturismo que pode ser desde um carro para uso diário quanto uma injeção de adrenalina quando você tem coragem de acelerar pra valer.
Galeria: Porsche Taycan Turbo S (Teste IEV BR)
Um Porsche em silêncio
O Taycan Turbo S é a versão topo de linha, com 2 motores elétricos. Na dianteira, 190 kW (258 cv) e na traseira, 335 kW (455 cv), que em conjunto produzem 625 cv, ou 761 cv no overboost. Em torque, são 40,8 kgfm e 56,1 kgfm, respectivamente, ou 107,1 kgfm no controle de largada, números que poucos carros conseguem chegar perto.
O Porsche Taycan não é um carro elétrico qualquer. Começando pelos motores elétricos, com uma construção diferente, usando muito da experiência que a Porsche teve com a Le Mans e o 919 Hybrid. É um sistema síncrono com cabos de cobre enrolados no que eles chamam de "hairpin", que os deixa mais compactos, com melhor estabilidade de potência e de refrigeração. Segundo a Porsche, o Taycan pode fazer várias arrancadas sem mudanças nos tempos por esta estabilidade, além de manter o desempenho em uso nas pistas, por exemplo.
O Taycan foi o primeiro carro elétrico de rua a ter o sistema de 800 volts, que agora chega ao Brasil também no Audi e-tron GT, com quem divide a plataforma J1. Além da própria alimentação dos motores, permite uma recarga mais rápida em alguns pontos. Em carregadores de 270 kW (DC), ainda raros no Brasil, vai de 5% a 80% em 22,5 minutos. Em 50kW (DC), o mesmo acontece em 93 minutos. Em carregadores de 9,6 kW (AC), são 10,5 horas de 0 a 100%.
No assoalho, está o conjunto de baterias de 93,4 kWh (83,7 kWh líquida) e 630 kg. São 33 módulos com 12 células cada, fornecidas pela LG, o que permite a manutenção individual em caso de problemas, algo que se torna comum em cada lançamento. O arrefecimento a líquido está nas baterias e nos motores elétricos e é o máximo que você irá perceber de algo que lembra um carro a combustão no conjunto propulsor do Taycan. Em países mais frios, como opcional ele pode receber um aquecedor para as baterias, importante para manter a autonomia.
Emoções, um recorde e muita surpresa
Foi proposital a escolha de fazer as fotos do Taycan Turbo S em frente a um posto de gasolina. Afinal, ele não entrará lá a não ser para calibrar pneus ou esperar seu dono pegar algo na conveniência, ou se ali tiver um ponto de recarga. Ferdinand Porsche acharia isso espetacular, ainda mais se soubesse que o Taycan ainda é um legítimo Porsche, mesmo em silêncio.
Apesar de não ter um ronco, o Taycan ainda é ligado pelo lado esquerdo do motorista, como manda a tradição da marca. O botão acionado ativa todo o sistema e o painel (de 16,8"), todo digital, aparece. Ao centro, informações como nível de carga, autonomia, velocidade e nível de aceleração e regeneração toma o lugar do conta-giros tradicional. Como no 911, as laterais tem 2 seções que mostram diversas informações configuráveis.
Até o volante é bem parecido com os dos demais Porsche. Em um dos raios, o seletor de modos de condução (Normal, Range, Sport, Sport Plus e Individual) permite escolher desde um carro focado em autonomia das baterias até um superesportivo, mudando calibração dos motores, velocidade máxima, climatização, suspensão pneumática até a forma de trabalho do câmbio de 2 marchas do eixo traseiro.
No dia a dia, o Taycan é manso como qualquer elétrico. Pelo pedal do acelerador, a quantidade de potência é facilmente dosada e mesmo com números invejáveis, é fácil de ser conduzido. No modo Range, até o motor elétrico traseiro trabalha sempre em segunda marcha e basta aproveitar o silêncio que um elétrico consegue ter. Vidros, pneus e toda a parte de isolamento acústico também foram pensados para aumentar essa sensação de quietude.
Até mesmo o consumo ficou abaixo do esperado para um elétrico desse peso e porte. Na cidade, 4,78 km/kWh, uma autonomia de cerca de 400 km considerando a capacidade líquida das baterias. Na estrada, pela alta potência e ajudado pelo motor traseiro com o câmbio de 2 marchas, 4,37 km/kwh, ou autonomia de 365 km rodando a 120 km/h.
A suspensão pneumática adaptativa do Taycan Turbo S ajuda bastante no conforto. Apesar de não ser seu ambiente favorito, aceita as ruas brasileiras e o asfalto longe do padrão europeu, mas vale ficar bem esperto para não danificar um pneu de 21" e, por um botão no painel, levantar a suspensão para passar em valetas e lombadas - e mesmo assim, sentir uma dor na alma quando ele raspar alguma peça de fibra de carbono em obstáculos mais ofensivos...
Por dentro, o Taycan é um verdadeiro carro de luxo. Acabamento primoroso, 3 telas, sendo uma delas para os comandos de climatização e alguns ajustes do carro...botões físicos? Praticamente apenas na partida, o seletor do câmbio cravado ao lado do volante e comandos de vidros e retrovisores - mas a chave é como de todos os Porsche, com o formato do carro. Espaço para 4 pessoas, bom espaço interno, totalmente personalizável...quer mais? Sim, por favor.
Coloco o seletor de modos de condução no Sport Plus, a suspensão se ajusta e muita coisa muda no Taycan. Acelerador mais sensível, direção mais firme, freios mais diretos. Pista livre, controle de largada, um "plin" mostra que tudo ta OK para soltar o pedal de freio...e 3 segundos para chegar aos 100 km/h! Mais 3 passagens e aqui está o carro mais rápido na prova de aceleração que o Motor1.com/InsideEVs Brasil já testou em todos esses anos. Bateu o seu irmão, 911 Carrera S, que marcou 3,4 segundos. Ferdinand Porsche está feliz? Provavelmente.
Mais do que os números, a sensação da aceleração do Taycan Turbo S chega a ser assustadora, um produtor de "uau", "meu Deus", "o que é isso" e muitas outras frases impublicáveis. Ele ganha velocidade rápido, mas basta apontar para a curva que ele entra quase como um 911, com um eixo traseiro direcional e vetorizador de torque. É possível sentir o momento em que o eixo traseiro engata a segunda marcha e ganha mais velocidade e você se sente no controle, como um Porsche.
Mesmo pesado, com 2.295 kg, o Taycan Turbo S aproveita as baterias no assoalho para se manter estável. Até é possível ensaiar drift com ele, mas seu ponto forte é o quão a carroceria se mantém nas suas mãos, com praticamente zero rolagem, a direção rápida e responsiva e até mesmo os freios, um ponto negativo dos elétricos, usa um sistema mais parecido com o tradicional e responde muito bem - precisou de 35,3 metros para ir de 100 km/h a 0, uma boa marca para o peso.
O Porsche do dia a dia
O Taycan Turbo S é um bom resumo de como um Porsche te atende. Neste caso, zero gasolina, muito desempenho, tecnologia e usável no dia a dia, apesar de uma altura baixa do solo. Custa mais de R$ 1 milhão e pode ser configurado pelo comprador como desejar, desde cores, acabamentos e equipamentos para ser único. Tem irmãos mais baratos, mas este é o que temos de mais rápido e surpreendente quando falamos em carros elétricos no mercado brasileiro.
Ferdinand Porsche? Se ele soubesse que sua marca iria virar uma referência em elétricos, com certeza teria insistido um pouco mais na eletrificação de automóveis e meios de transporte no passado. De qualquer forma, está feliz e satisfeito e esperando os próximos passos desse segmento que muito promete no futuro próximo.
Fotos: Mario Villaescusa (para o InsideEVs Brasil)
Ficha Técnica - Porsche Taycan Turbo S (BR)
MOTOR |
dois motores elétricos síncronos com enrolamento hairpin (um por eixo) |
POTÊNCIA/TORQUE |
625 cv (761 cv no Overboost)/ 107,1 kgfm (controle de largada) |
TRANSMISSÃO | duas marchas no motor traseiro, uma no dianteiro, tração integral |
SUSPENSÃO | independente double wishbone na dianteira e multilink na traseira |
RODAS E PNEUS | liga-leve aro 21" com pneus 265/35 (D) e 305/30 R21 (T) |
FREIOS | discos ventilados na dianteira e na traseira |
PESO | 2.295 kg em ordem de marcha |
DIMENSÕES | comprimento 4.963 mm, largura 1.966 mm, altura 1.378 mm, entre-eixos 2.900 mm |
CAPACIDADES | porta-malas 366 (D) + 81 (T) litros, bateria 93,4 kWh |
PREÇO | R$ 1.079.000 |
MEDIÇÕES INSIDEEVS BRASIL | ||
---|---|---|
Porsche Taycan Turbo S | ||
Aceleração | ||
0 a 60 km/h |
1,6 s |
|
0 a 80 km/h | 2,2 s | |
0 a 100 km/h | 3,0 s | |
Retomada | ||
40 a 100 km/h em S | 2,2 s | |
80 a 120 km/h em S | 2,0 s | |
Frenagem | ||
100 km/h a 0 | 35,3 m | |
80 km/h a 0 | 22,2 m | |
60 km/h a 0 | 12,7 m | |
Consumo | ||
Ciclo cidade | 4,78 km/kwh | |
Ciclo estrada | 4,37 km/kwh |
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