Sempre que vemos um emblema S na parte traseira de um Mercedes-Benz, isso gera uma certa expectativa. Em modelos AMG, como o C63 S, isso significa alto desempenho e estilo mais agressivo, e em modelos Mercedes como o S580 e GLS, significa luxo incomparável e discreto. Mas será que o sedã elétrico Mercedes-Benz EQS 2022 cumpre a promessa que a letra evoca? É isso o que nossos amigos do Motor1.com EUA irão revelar.
O carro-chefe da linha de carros elétricos estará disponível nos EUA nas versões EQS 450+ com tração traseira e EQS 580 4Matic com tração nas quatro rodas. O EQS tem um design totalmente novo, com uma bateria de 107,8 kWh alojada no assoalho e dotando de variantes com até 780 quilômetros de alcance (WLTP), um número provavelmente um pouco otimista - algo na faixa de 650 km seria mais realista. A propósito, confuso com o sinal de mais no 450? Ele representa uma bateria de alcance estendido.
Carros 100% elétricos são algo novo para a Mercedes-Benz, com uma história que inclui apenas o descontinuado Smart elétrico e o Classe B elétrico, bem como o SUV EQC. O EQS será o primeiro Mercedes elétrico que muitos norte-americanos terão acesso, e é melhor que seja bom o suficiente para usar aquela estrela de três pontas, ainda mais invocando o Classe E em forma de carro elétrico.
As primeiras impressões deixarão isso claro para algumas pessoas. Simplificando, o Mercedes EQS não é um veículo convencionalmente atraente. Uma linha de teto arqueada e um capô curto em formato de concha ressaltam a ideia de que os futuros elétricos não precisam se parecer com o passado de motores de combustão interna, mas nem todos estarão prontos para pular dos sedãs tradicionais para este sedã-cupê. E não temos certeza se o design incomum realmente produz muitas melhorias palpáveis - não há bagageiro dianteiro, e uma relação surpreendentemente longa entre os eixos parece desperdiçar muito espaço à frente do motorista.
No entanto, a beleza está nos olhos de quem vê, e este observador em particular considera o EQS bastante atraente graças à sua forma simples e detalhes elegantes. O painel da falsa grade apresenta dezenas de pequenas estrelas - um verdadeiro céu noturno em torno do emblema central - enquanto os elementos da lanterna com LEDs em espiral lembram uma lâmpada antiga (um aceno inteligente para o primeiro encontro do público em geral com a eletricidade).
O formato também contribui para o melhor coeficiente de arrasto da indústria de 0,20, ajudando o EQS a deslizar pelo ar com pouca resistência. E o sedã é excessivamente grande, conferindo-lhe a postura régia digna de um carro-chefe.
Por dentro, o EQS é muito menos controverso. O Hyperscreen opcional oculta três monitores individuais sob um enorme conjunto de vidro curvo. À frente do motorista está um painel de instrumentos digitaL de 12,3" e uma tela OLED de 17,7" que serve como sistema de informação e entretenimento principal. O novo software MBUX adorna essa tela central, com uma camada zero que se sobrepõe aos controles de áudio e aos aplicativos sugeridos em uma exibição de mapa em tela inteira.
A terceira peça do quebra-cabeça Hyperscreen é uma tela sensível ao toque do passageiro de 12,3" executando o MBUX, permitindo ao co-piloto sugerir destinos, ajustar as configurações do assento e da temperatura, além de ouvir música por meio de fones de ouvido Bluetooth.
Com o tempo, o sistema aprende sua rotina e sugere rotas ou telefonemas com base em seus hábitos, colocando notas de recomendação na camada zero mencionada - uma magia tecnológica que os viciados em pixels vão adorar. Os puristas também não terão dificuldade em se acostumar com o MBUX, graças a um controle de temperatura físico e uma interface sensível ao toque relativamente simples para recursos de áudio e conforto. Mas mesmo sem considerar as telas, o EQS é um veículo de luxo fenomenal.
O EQS tem um interior de construção impressionante, talhado em couro macio, plásticos excelentes e alguns toques atraentes de madeira e acabamento em metal. Há amplo espaço para até cinco passageiros - a Mercedes ainda não tem números específicos, mas nos sentimos tão confortáveis no sedã arejado quanto no Classe S, com bastante espaço em todas as quatro posições de assento.
Também há muito espaço para guardar objetos, com um grande compartimento central e um cubículo embaixo do console que fornecem uma boa quantidade de armazenamento. E com 620 litros de volume de carga sobre o enorme porta-malas, a Mercedes diz que um frunk (dianteiro) não é realmente necessário. Rebata os bancos traseiros do EQS e disponha de impressionantes 1.783 litros de carga.
As maçanetas internas aparentemente frágeis são exceção à regra; todo o resto é muito bom. Em resumo, o EQS parece muito mais bem construído do que o aparentemente simplório Tesla Model S, enquanto oferece mais espaço do que o muito bem equipado - mas apertado - Porsche Taycan. Os compradores tradicionais da Mercedes se sentirão em casa no generoso e confortável topo de linha EQ.
A cabine espaçosa e confortável do grande Mercedes elétrico antecipa o resto da experiência de condução. Nossa primeira tentativa foi em um modelo básico EQS 450, que produz 333 cavalos e 57 kgfm por meio de um único motor traseiro, levando o sedã a 96 km/h em 5,9 segundos. Na prática, o desempenho parece mais rápido do que isso, uma prova da resposta de torque instantâneo dos motores elétricos, e o EQS 450 não teve nenhuma dificuldade em acompanhar o tráfego da autoestrada, mantendo facilmente a 130 km/h sem drama.
Na rodovia ou na cidade, o EQS é um veículo civilizado. Enquanto a propulsão silenciosa de alguns carros elétricos pode realmente destacar outras intrusões sensoriais, o EQS é silencioso e composto, seja nas ruas esburacadas da cidade ou cortando o ar. O vento e o ruído dos pneus são bem contidos e a suspensão a ar absorve as falhas do pavimento com maestria. Nosso 450 ostentava um interior de couro Nappa em uma combinação incomum de Neva Grey e Biscaya Blue, e os bancos dianteiros massageadores opcionais faziam os quilômetros passarem tranquilamente.
O EQS é um carro civilizado na estrada ou na cidade
Infelizmente, o EQS 450 revelou alguns hábitos ruins assim que nossa rota foi alterada. A Mercedes permite que o motorista selecione a quantidade de regeneração de frenagem, e tanto na configuração máxima quanto normal, encontramos os freios difíceis de modular entre recuperação e frenagem. Além disso, o pedal do freio afunda sozinho ao desacelerar com a regeneração ativada, o que significa que ele nunca permanece na mesma altura em que você o deixou. Somente com a recuperação de energia completamente desativada poderíamos usar os freios de forma suave em uma estrada sinuosa.
O sedã grande e pesado também não é particularmente ágil. O comportamento da direção é um tanto imprevisível aliado a um campo de visão ruim. Traços longos e altos implicam na extremidade dianteira inclinada que tornava quase impossível ter em mente as dimensões exatas do carro. Não tivemos o mesmo problema no Classe S de formato tradicional, e um painel mais baixo faria milagres ao EQS. Pelo menos há um eixo traseiro direcional de 10 graus (de série) que facilita rodar na cidade e também as manobras de estacionamento.
O EQS 580 4Matic dissipou algumas dessas preocupações dinâmicas (ou pelo menos nos distraiu com muitos zumbidos). Com cada eixo recebendo seu próprio motor, ele produz respeitáveis 523 cv e 87 kgfm de torque, permitindo arrancar de 0 a 96 km/h em 4,1 segundos - impressionante para um Mercedes tão grande, não AMG. Embora mais pesado, com 2.670 kg, o EQS 580 parece melhor equipado para curvas rápidas graças a um menor sub-esterço e maior aderência na saída das curvas. Ele ainda sofre do mesmo capô invisível e freios regenerativos vagos que o 450 mais barato.
Destaque em ambos, tanto em deslocamentos normais como em viagens de longa distância, foram as experiências que nos permitiram testar a impressionante tecnologia de assistência ao motorista. Emprestado do Classe S, o EQS possui um head-up display de realidade aumentada opcional, que ilumina as linhas das pistas e os veículos à frente para ajudar o motorista a manter uma distância segura e contornar as curvas de maneira adequada. O controle de cruzeiro adaptativo full com stop-and-go e excelente tecnologia de centralização da pista também ajudam bastante, trabalhando perfeitamente para aliviar o cansaço do motorista.
Após um longo período de condução em rodovia, voltamos nossa atenção para a estimativa de autonomia da bateria do EQS. As classificações WLTP tendem a ser bastante otimistas e não esgotamos totalmente a bateria de 107,8 kWh em nenhum dos carros, mas nossa matemática básica com base em alguns dias dirigindo pela Suíça sugere que o EQS pode realmente atingir seu objetivos de ampla autonomia.
Começamos nossa viagem no 450 com um computador estimadando 442 milhas (711 km) de autonomia com uma bateria quase cheia. Depois de 96 milhas (154 km) na rodovia em trecho de subida em ziguezague nos Alpes suíços, terminamos o nosso dia de viagem com 311 milhas (500 km) de alcance restantes.
Nossa experiência no EQS 580 foi igualmente impressionante - uma bateria com três quartos carregada no início da viagem sugeriu que tínhamos cerca de 342 milhas (550 km) para percorrer antes de uma parada para esticar as pernas e, após 109 milhas (175 km) pisando mais forte, a estimativa de alcance era de 249 milhas (400 km) com uma bateria carregada pela metade.
Ajudar o Mercedes a 'esticar as pernas' entre as cargas é uma função de regeneração inteligente que usa o tráfego e a rota para determinar se a condução sem regeneração, o arrasto máximo ou algo intermediário é mais apropriado. Essa função torna os freios já imprevisíveis ainda mais simplórios sobre seu comportamento, mas usá-la teve um efeito decididamente positivo no consumo de energia.
Um carregador rápido de 200 kW DC pode carregar a bateria de 10 a 80 por cento em 31 minutos, adicionando 180 milhas de alcance (290 km) em 15 minutos. A Mercedes não fornecerá uma wallbox doméstica para o carro, mas um carregador AC de 9,6 kW disponível no mercado pode recarregar totalmente a bateria em 11 horas e 15 minutos.
Outro teste de popularidade do Mercedes EQS com os consumidores será seu preço. O sedã elétrico topo de linha recentemente teve os valores divulgados: no caso do EQS 450 começará em US$ 102.310 (R$ 547.000), aumentando para US$ 119.110 (R$ 636.600) no caso do EQS 580 4Matic. Valores que o colocam entre o Tesla Model S Long Range de US$ 84.990 (R$ 454.400) e o Model S Plaid de US$ 129.990 (R$ 695.000), ambos oferecendo melhor desempenho, mas uma qualidade de acabamento inferior.
O equivalente mais próximo da Porsche ao Mercedes, em termos de preço, é o Taycan 4S equipado com a Performance Battery Plus. Com classificação EPA (talvez conservadora demais) de 227 milhas (365 km), o Porsche ganha respeito não pela performance em longas viagens, mas sim pelo excelente comportamento em estradas sinuosas, embora suas proporções esportivas limitem um pouco o espaço do passageiro traseiro se comparado ao Tesla e ao EQS. Depois, ainda tem o Lucid Air, que custa a partir de US$ 131.500 (R$ 703.100) no modelo Grand Touring. Com um formato semelhante e um alcance oficial de 500 milhas (836 km), provavelmente será o maior rival da Mercedes entre os clientes norte-americanos de carros elétricos de luxo num futuro próximo.
O Mercedes EQS tem todo o DNA que a última letra de seu nome sugere.
Ainda assim, o EQS se beneficia das décadas de experiência de seu fabricante na construção de carros luxuosos, um pedigree que brilha assim que você começa a dirigir. Ele está à altura para cumprir a missão de uma viagem longa, graças ao seu trem de força que 'sobra' e cabine excepcionalmente confortável.
O EQS está repleto de tecnologia que é fácil de usar. E é totalmente prático, oferecendo níveis de carga e espaço para passageiros similares a um SUV. A lista de aplausos continua e não para, com poucos pontos negativos que não ofuscam o seu brilho. Pode até parecer futurista, mas por baixo dessa superfície, o Mercedes EQS tem todo o DNA que a última letra de seu nome sugere.
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Mercedes-Benz EQS 450 Plus 2022
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