O Nissan Leaf é o pioneiro entre os carros elétricos modernos. Ele já está no mercado há mais de 10 anos (chegou ao Brasil em 2019) e certamente é um modelo bem emblemático para o mundo de zero emissão. Em sua segunda geração, ele recebeu algumas atualizações no começo deste ano e a gente aproveitou essa oportunidade pra passar alguns dias com o modelo e avaliar se ele ainda continua competitivo frente aos novos rivais.
A atualização mais recente do Nissan Leaf foi apresentada na Europa em fevereiro de 2022, chegando poucos meses depois ao Brasil, e teve como objetivo deixar o carro elétrico mais alinhado com a nova identidade visual da marca. E estamos falando de um modelo que segue como a principal opção na linha de veículos elétricos de passeio da montadora, que aguarda outras novidades, como o Nissan Ariya, que sofreu atrasos no lançamento e deve demorar um pouco para marcar presença de forma mais ampla no mercado global.
Em termos visuais, o Nissan Leaf 2023 ganhou um exterior levemente atualizado que se destaca pela aparência frontal, incluindo novos formatos de grade e para-choque dianteiro. O estilo dos faróis também foi revisto e agora conta com acabamento interno preto (anteriormente era cromado). As rodas de liga leve aro 17" têm novo design e o modelo também estreia o novo logotipo da marca.
Os defletores de vento dianteiros e traseiros agora são pretos (anteriormente eram azuis). As formas dessas peças posicionadas nos quatro cantos das caixas de rodas, no difusor traseiro e no spoiler traseiro também foram modificadas. Em resumo, é uma atualização bem discreta, mas ainda perceptível e que não chega a mudar a personalidade do Leaf. De qualquer forma, numa olhada rápida dá pra notar que o carro foi atualizado e ficou mais contemporâneo em termos visuais. Continua agradando.
Por dentro as mudanças foram mais discretas. O Nissan Leaf 2023 ganhou sistema de áudio premium Bose e retrovisor interno inteligente, onde as imagens da traseira do veículo são reproduzidas no retrovisor, o que facilita as manobras.
De resto, é o interior atualizado em relação ao modelo de segunda geração, que agrada pelo bom espaço e qualidade de construção, mas ao mesmo tempo já sente o peso idade. Isso fica evidente em elementos como o freio de estacionamento, que ainda é acionado por pedal (na versão para outros mercados há um botão no console), bem como o quadro de instrumentos que remete a modelos mais antigos da marca, como o Kicks.
Na verdade, esse é um ponto que merece destaque, porque se você olhar para o primeiro Nissan Leaf lá em 2010, com seu painel 'dois andares', quadro de instrumentos totalmente digital, console 'flutuante' e acabamento em cores claras, ele passava um ar mais futurista que o modelo atual.
No entanto, as informações mais importantes para quem dirige um carro elétrico ainda são acessadas de forma fácil, bem como as principais configurações. O seletor de marchas, uma herança desde a primeira geração, agrada pelo formato e ergonomia, sendo um ponto positivo. A central multimídia tem conexão Apple CarPlay/Android Auto e pode ser atualizada, desde que o modelo esteja conectado a uma rede wi-fi.
Projetado desde o início para ser um carro elétrico, o Nissan Leaf se vale de muitos atributos por conta disso. Ao dirigir, logo nos primeiros metros dá notar a solidez do veículo, que tem uma rodagem firme e bem controlada, também mérito do centro de gravidade mais baixo. A suspensão não chega a ser dura, entregando um bom equilíbrio entre estabilidade e conforto, sem contar a altura de rodagem adequada, para não raspar nas valetas. Além de passar segurança ao volante, o Leaf também possui uma direção bem calibrada. Ela tem assistência elétrica e boa precisão.
Ágil, como esperado em um carro elétrico, o Leaf agrada pela boa dosagem na entrega de potência. Arranca bem e parece ter bem mais que os 149 cv de potência, mérito dos 32,6 kgfm de torque instantâneo.
No dia a dia, são úteis o controle automático de velocidade, onde é possível ajustar também a distância do veículo à frente em três níveis. De uma forma geral, o sistema faz uma boa leitura do tráfego, atuando de forma bem precisa.
E pra aumentar o nível de regeneração e poupar mais energia dá dirigir com um único pedal, o modo que a Nissan batizou 'e-Pedal'. A ativação é bem simples, por meio de um botão/chave no console central, mas aqui temos um nível de regeneração bem intenso, mas logo se acostuma a dosar o pé para evitar os solavancos e dirigir só com o pedal do acelerador.
Na cidade ou em trajetos de baixa velocidade, é recomendável ativar o modo Eco, que pode ser feito por meio de um botão no console. No mesmo instante o painel indica uma autonomia estimada mais alta, enquanto o acelerador fica mais 'manso' e a intensidade do ar-condicionado (caso esteja ligado) é reduzida. Nesse modo, dá pra notar uma redução na entrega de potência, mas que não chega a prejudicar o desempenho no uso 'normal'.
E falando de consumo de energia, durante a avaliação o Leaf teve médias que oscilaram entre 15 e 17 kWh/100 km (6,66 e 5,88 kWh/Km). Números que, considerando a bateria com 40 kWh de capacidade (39 kWh úteis), dão uma autonomia entre 244 e 260 km - o modelo está homologado para um alcance combinado de 272 km pelo padrão EPA).
Uma das maiores novidades na linha 2023 do Nissan Leaf é a porta de carregamento atualizada, que agora possui dois conectores: um CHAdeMO, que é utilizado para a recarga em estações públicas de carga rápida em corrente contínua e outra do Tipo 2, que suporta carga lenta em corrente alternada.
Na prática, a oferta de estações com conector CHAdeMO é bastante restrita no Brasil, mesmo em São Paulo (SP), onde já existe um número razoável de pontos de recarga. Assim, a maioria dos usuários do modelo antigo precisava utilizar um adaptador para o padrão Tipo 2, o mais comum por aqui.
Nesse ponto, a vantagem da linha 2023 é ter um conector dedicado Tipo 2, mas há uma limitação: ele só funciona com corrente alternada e potência máxima de 7 kWh nas estações de recarga.
Mas por outro lado, o carro elétrico vem de série um carregador portátil de até 3,6 kWh (6,6 kWh opcional) com esse tipo de plugue, que pode ser usado para recarregar em tomadas residenciais. O bom é que ela funciona sem restrições em tomadas de 110V ou 220V e não requer nenhuma modificação na rede elétrica. Nessa condição, consegui recuperar cerca de 20% da bateria em pouco mais de 4 horas.
A Nissan divulga que é possível carregar 40% da bateria em 8 horas (220V), número perfeitamente compatível com a experiência de recarga na vida real. Conectado a uma estação de recarga de baixa potência ou wallbox, são necessárias 8 horas para uma recarga completa da bateria (0 a 100%), sempre com a porta Tipo 2. Ao usar a porta CHAdeMO, é possível ir de 0 a 80% do estado de carga em 40 minutos.
O Nissan Leaf 2023 foi lançado em julho por R$ 293.790, que era o mesmo preço cobrado pelo modelo anterior, sendo atualizado pouco tempo depois para R$ 297.140.
De fato, não era um valor tão fora do padrão para o segmento, considerando a realidade de preços por aqui. No entanto, o mercado de carros elétricos é bastante dinâmico e em poucos meses a realidade já é diferente: apenas para citar alguns exemplos, temos o recém-lançado Peugeot e-2008, que custa R$ 259.900, o BYD Yuan Plus, que foi anunciado por R$ 269.900 e até mesmo o Volvo XC40 P6, que fica um pouco acima (R$ 329.900), mas é um modelo premium e conta com um conjunto mais potente e eficiente.
Em resumo, o pioneiro Nissan Leaf ainda é um carro elétrico de qualidades, bem construído, bom de dirigir e bem equipado em termos de tecnologia. Ele não é ruim, o "problema" são os outros, que estão cada vez melhores e já custam menos.
Nissan Leaf
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