O BYD Dolphin foi lançado em junho, se tornando rapidamente um sucesso absoluto de vendas e provocando uma reviravolta no segmento de carros elétricos no Brasil. Depois do primeiro contato para as impressões iniciais, agora ficamos uma semana com o novo queridinho do mercado para a avaliação completa.
Revelado ao mundo no final de 2021, quando estreou oficialmente na China, o BYD Dolphin inaugurou a plataforma dedicada a veículos elétricos e-platform 3.0. Seu lançamento representou uma nova fase para a BYD, sendo seguido por outros modelos elétricos puros como Yuan Plus, Seal e Seagull.
Além disso, o golfinho é o primeiro modelo da "Ocean Family", que representa uma linha de veículos totalmente elétricos baseados nesta plataforma, abrangendo uma variedade de segmentos e estilos de carrocerias, desde subcompactos a modelos médios e grandes.
Com design inspirado no que a BYD chama de "Estética Marinha", presente em vários elementos na parte externa e interna do carro, o Dolphin tem estilo moderno com uma mescla de formas angulares e arredondadas, com a dianteira se caracterizando pela grade frontal fechada, elementos em forma de U e para-choque com efeito mais tridimensional. Os faróis, que são pequenos e não avançam pelas laterais, são do tipo full LED e complementados pelos LEDs diurnos e grade frontal iluminada.
Apesar do comprimento de 4.125 mm, pouco menor que um Chevrolet Onix, o BYD Dolphin tem um entre-eixos de 2.700 mm, o mesmo de um Toyota Corolla, um sedã médio, o que se percebe claramente no interior, seja na parte dianteira quanto para quem vai no banco traseiro, um dos destaques do carro. O porta-malas tem 250 litros (1.310 litros com o banco traseiro rebatido) e dá conta do recado considerando sua proposta - é menor que os 345 litros da versão sem o estepe vendida em alguns mercados externos.
O interior segue um estilo próprio, o que confere personalidade ao carro elétrico urbano, e se destaca pela qualidade de construção, acima da média para o segmento. Destaque para o painel com linhas onduladas, volante multifuncional com base achatada, saídas de ar circulares, quadro de instrumentos digital de 5" e tela multimídia giratória de 12,8". Os painéis de porta, puxadores, console central e demais elementos agradam pelo visual, que destoa do óbvio.
Outro ponto de ruptura do Dolphin é a estreia de um pacote de equipamentos e tecnologia. Mesmo nesta versão de entrada, o BYD compacto traz de série 6 airbags, volante multifuncional, controle de cruzeiro, ar condicionado automático, freio de estacionamento eletrônico, auto hold, câmera 360º em HD, monitoramento da pressão dos pneus, acendimento automático dos faróis, sensor de chuva e rodas de liga leve aro 16", entre outros.
A habitabilidade é muito boa, seja pela sensação de espaço, como pela qualidade geral dos itens de acabamento. A experiência do usuário na central multimídia é boa e há espelhamento Apple CarPlay (Android Auto apenas em uma atualização futura). Como tenho celular Android, compartilhei a conexão do celular e utilizei o sistema de navegação nativo, que é bem aceitável e aceita comandos de voz em português, ainda que o ideal seja poder usar um Waze ou Google Maps, por exemplo.
Dirigir o carro elétrico urbano é bem simples. Basta acessar o carro com a chave presencial, apertar o botão de partida e girar o discreto seletor de marchas que fica no alto do console, ambos ao lado do volante.
Em termos de ergonomia, boa acomodação do motorista e pegada do volante, além de bancos bem dimensionados e confortáveis na medida certa. Como a posição de dirigir é um pouco mais alta, acaba favorecendo a visibilidade. No entanto, nesta versão os bancos dianteiros possuem ajuste de altura manual e o volante não possui regulagem de profundidade, apenas de altura.
Durante a semana de avaliação, confirmamos as boas impressões iniciais, principalmente no uso urbano, no dia a dia. O Dolphin é ágil, prático e fácil de dirigir em meio ao trânsito complicado das cidades. Ele não tem pretensão premium, nem de carro esportivo, mas a direção tem boa calibração e a suspensão tem ajuste mais voltado ao conforto, mas sem decepcionar no comportamento dinâmico. Ou seja, em boa medida.
Na prática, parece entregar mais que os 95 cv e 18,3 kgfm declarados e também arrancar mais rápido que os 10,9 segundos para o 0 a 100 km/h. Isso porque ele é um foguetinho até os 60 km/h, atenuando a entrega de potência depois disso. São três modos de condução (Normal, Eco e Neve) e a frenagem regenerativa pode ser ajustada em dois níveis, mas ele ainda não possui a condução "One Pedal".
Na estrada também vai bem. Tem agilidade pra acompanhar o fluxo em velocidades de cruzeiro de 120 km/h (ou mais) com boas retomadas e força mais que suficiente em subidas. Tudo isso com um bom isolamento acústico, nível de rolagem aceitável e consumo honesto.
E como na grande maioria dos carros elétricos, o consumo rodoviário fica mais alto do que na cidade, mas com variações: rodar em estradas de pista simples entre 80-100 km/h ou numa autopista a 120 km/h dá uma boa diferença no gasto de energia.
O BYD Dolphin é equipado com as já conhecidas baterias de lâmina (Blade), desenvolvidas pela própria BYD. Um pacote com células LFP (lítio-ferro-fosfato) de 44,9 kWh líquidos (46 kWh brutos) que fica posicionado no assoalho.
Durante a avaliação fiz uma viagem curta da capital ao interior de São Paulo (SP). Na ida, usando o modo Normal e com velocidade entre 110 - 120 km/h na primeira metade e 90 - 100 km/h no segundo trecho, o consumo médio foi de 6,43 km/kWh (15,5 kWh/100 km), o que daria uma autonomia de cerca de 290 km com uma carga completa nessa condição (uso rodoviário).
Por outro lado, em seu habitat natural, a cidade, o Dolphin foi destaque em eficiência com médias de 8,3 km/kWh (12 kWh/100 km), ou números ainda melhores, dirigindo normalmente, sem preocupação em economizar. Nessa condição, dá pra atingir um alcance de 375 km com uma carga, um ótimo número, ainda mais considerando o dado oficial de homologação do Inmetro (291 km).
E falando sobre carregamento, o Dolphin vem o carregador portátil que dá pra ligar na tomada doméstica. Em tomada doméstica ele carregou a 1,4 kW em 110V ou 2,8 kW em 220V. Nos carregadores públicos ou do tipo wallbox de 7 kW, ele carrega a 6,6 kW, limite máximo em AC, enquanto que nos carregadores rápidos DC ele vai até 60 kW de potência, suficiente para recuperar de 10-80% em cerca de 35 minutos.
O BYD Dolphin foi lançado por R$ 149.800, um preço bem abaixo do esperado para um carro desse porte e com essa lista de equipamentos e tecnologia. O resultado foi um sucesso que superou todas as expectativas da marca e provocou o início de uma forte mudança no mercado de carros elétricos no Brasil.
Quando chegou, o Dolphin concorria com carros elétricos menores, como o Renault Kwid E-Tech (R$ 146.900) e JAC e-JS1 (R$ 145.900), ambos inferiores em construção (além de não serem carros elétricos feitos em plataforma dedicada), tecnologia, powertrain, bateria e eficiência. Logo em seguida, a GWM apresentou o Ora 03, um carro elétrico de mesmo porte e com posicionamento muito próximo a um preço igualmente competitivo: a partir de R$ 150 mil.
O BYD Dolphin chegou ao Brasil com preço competitivo e trazendo proposta, lista de equipamentos e tecnologia até então inéditos para o segmento. Subiu o sarrafo dos carros elétricos compactos e, com ampla aceitação do público, provocou uma nova realidade de mercado. E enquanto o seu principal rival (também muito promissor) GWM Ora 03 não chega às lojas, ele reina tranquilamente como a melhor opção do segmento.
BYD Dolphin 2023
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