Em que pese o esforço das grandes montadoras tradicionais como a GM e a Volkswagen em fazer a transição para a mobilidade elétrica, há problemas no caminho que nem sempre são mencionados. No caso da marca alemã, especificamente, ainda há uma boa resistência por parte de seus concessionários em vender carros elétricos.
O que parecia uma questão superada após a Volkswagen definir uma estratégia de vendas com lojas exclusivas para carros elétricos (ID. Store) e vendas online que poderiam ser finalizadas nas concessionárias tradicionais, ainda persiste como um desafio para a montadora de Wolfsburg de acordo com um relatório publicado pelo Greenpeace.
A organização afirma que não se trata de um problema exclusivo da Volkswagen, mas apesar da empolgação com o lançamento bem sucedido do ID.3 e das vendas expressivas em muitos mercados europeus, ainda existem muitos revendedores que não estão muito interessados em vender carros elétricos.
Para acompanhar de perto, colaboradores do Greenpeace realizaram uma série de visitas às concessionárias e constataram que o perfil médio dos clientes é jovem e tem propensão ao carro elétrico, mas na prática, apesar de contar com o ID.3 no portfólio, os vendedores ainda direcionam os clientes e priorizam as vendas de carros com motores a diesel ou a gasolina.
Ao todo, foram visitadas 50 concessionárias e em muitos casos relatados pela ONG, os clientes tinham dúvidas em questões sobre a mobilidade elétrica e os vendedores mostraram um profundo desconhecimento sobre o tema e o produto da marca.
Como exemplo, apenas metade dos vendedores afirmaram com certeza se o ID.3 poderia rodar 100 km após carregar por 12 horas, e apenas um em cada dez poderia dizer aproximadamente quantas estações de carregamento públicas existem na Alemanha. Do total de visitas, constataram que foi recomendada a compra de um carro a diesel ou a gasolina para 27 clientes, enquanto o hatchback elétrico foi indicado a apenas 8 deles.
O Greenpeace ainda concluiu:
"Por trás da brilhante fachada do Volkswagen de um suposto pioneiro da eletricidade ainda está o incinerador do século passado. Se o chefe da VW, Herbert Diess, leva a sério a transformação para um modelo mais sustentável, ele não deveria punir os revendedores por venderem carros elétricos. A pegada de CO2 da Volkswagen só pode diminuir rapidamente com as mesmas ou até melhores condições de vendas para modelos elétricos."
A conclusão é que a Volkswagen ainda terá muito trabalho pela frente para adaptar a rede de concessionárias aos carros elétricos que vão começar a chegar em maior volume a partir do ano que vem. Terá que investir em acompanhamento, treinamento e principalmente: tornar a venda mais atrativa em termos financeiros - fontes indicam que a margem de lucro nos carros a combustão é de 14%, enquanto que nos elétricos é de apenas 6%.
Fonte: Greenpeace, FCO
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