A proibição dos carros a gasolina e a diesel na Europa está cada vez mais próxima da realidade. Mas o banimento dos motores de combustão interna pode ocorrer de forma 'disfarçada', ou seja, por meio de regras de emissões tão rígidas que os tornariam inviáveis para as montadoras produzi-los - e esse parece ser o cenário que se desenha na União Europeia.
Previsto para entrar em vigor em 2025, o conjunto de normas Euro 7 tem sido alvo de ampla discussão na UE. Nessa questão, o destaque é a proposta apresentada em outubro passado pelo Consortium for Ultra Low Vehicle Emissions (Clove), um grupo de consultores de engenharia da Comissão Europeia, responsável por conduzir o processo de mudança na legislação ambiental.
De acordo com a matéria publicada pelo site britânico Autocar, a European Automobile Manufacturers Association - ACEA, associação que representa os fabricantes europeus, afirma que, na prática, a nova legislação irá proibir os motores de combustão interna (inclusive os híbridos):
"A ACEA acredita que os cenários de limite de emissões apresentados pelo Clove, juntamente com as novas condições de teste sugeridas, resultariam na prática em uma situação muito semelhante a uma proibição de veículos movidos por um motor de combustão interna, incluindo veículos híbridos"
A proposta é impactante, mas há exemplos de montadoras, como a Nissan, que já declararam estarem atentas a este movimento, se preparando para lidar com alguns cenários possíveis. No caso da marca japonesa, o pensamento também é de que com a adoção de regras de emissões muito restritivas, provavelmente vai acabar sendo mais barato fabricar carros elétricos.
Ainda que receba modificações, de forma a se tornar menos restritivo em relação ao que o consórcio propõe, o Euro7 tem o potencial real de tornar os carros a combustão economicamente inviáveis para a produção em grande escala.
Outra questão apresentada é a possibilidade do novo regramento colocar em xeque os carros esportivos e de alto desempenho, por conta da forte restrição de emissões que afeta ainda mais esse tipo de veículo.
A proposta do consórcio deixa uma alternativa para os carros com motores a combustão: um sofisticado 'supercatalisador' de vários estágios. No caso específico dos carros a gasolina, isso significa adotar um catalisador elétrico aquecido, um catalisador duplo de 3 vias de 1 litro, um filtro de partículas de 2 litros e um catalisador de amônia.
A ACEA argumenta que instalar um sistema tão complexo como esse seria praticamente impossível em um carro compacto e muito difícil de adaptar para diferentes modelos e plataformas de veículos - em resumo, uma solução que pode encarecer demais o preço final.
Por fim, o consórcio ainda oferece a alternativa de que os carros com motores a combustão sejam equipados com um sofisticado sistema de diagnóstico que monitore o motor para garantir que ele permaneça em conformidade com as emissões por 240.000 quilômetros.
A conclusão de muitos membros da indústria automobilística europeia é de que as propostas têm o objetivo claro de desestimular a produção de motores a combustão e forçar o mercado europeu a migrar de forma consistente para a mobilidade elétrica, ainda que não faça isso de forma declarada.
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Fonte: Autocar
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