Os carros elétricos estão cada vez mais no centro do debate, mas nem sempre é dada a devida importância para o papel que a mobilidade elétrica pode representar no setor público. Um exemplo claro disso está ocorrendo na conferência climática global da ONU, a COP26, em que os participantes utilizam, para a sua locomoção no local, os ônibus elétricos.

Para Rodrigo Aguiar, sócio fundador da Elev, empresa que apresenta soluções para o mercado de automóveis elétricos, o setor estatal pode ganhar muito com a utilização de veículos movidos pela eletricidade. "Quando falamos dos carros elétricos no setor público estamos falando de redução de custos para municípios e estados que, portanto, são sustentáveis, limpos e que têm um impacto menor no orçamento", explica o executivo.

BYD - ônibus elétrico Bogotá
BYD - ônibus elétrico em Bogotá

E já temos bons exemplos do avanço da eletrificação no setor público bem próximos do Brasil. Desde janeiro deste ano, a cidade de Bogotá, capital da Colômbia, opera com uma frota 100% de ônibus elétricos; o Chile também avança nesse sentido, com destaque para a adoção de ônibus elétricos na capital, Santiago.

"É claro que precisamos avançar e tudo depende da característica de cada país. Mas este ano tivemos reais transformações no segmento, a Noruega, por exemplo, entre todos os lugares do mundo, é a mais avançada quando falamos disso. Hoje, mais de 50% dos veículos vendidos no país são elétricos", afirma Rodrigo.

Municípios brasileiros estão avançando cada vez mais na eletrificação das frotas, como é o caso de São José dos Campos. A capital do Vale do Paraíba conta hoje com 30 carros elétricos que são utilizados pela Guarda Municipal. Em Petrópolis, no Rio de Janeiro, o passeio turístico utilizando charretes, que era realizado por meio da tração animal, será substituído por veículos elétricos.

Além desses avanços, outros setores também apresentaram veículos preparados para as mais diversas atividades. No início de novembro, a empresa brasileira Eletra apresentou o primeiro carro forte elétrico do mundo.

"É válido considerar que, na opinião de inúmeros engenheiros do mundo, os modelos elétricos podem ter uma vida útil superior aos modelos de combustão, principalmente porque eles não sofrem com a carbonização e não sofrem com problemas gerados por atritos do motor. Quando falamos do setor estatal, devemos considerar que isto, em longo prazo, significa economia de dinheiro público", defende Rodrigo.

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Ônibus elétrico articulado BYD em São José dos Campos (SP)

Outra vantagem dos veículos elétricos é a menor demanda de manutenção, principalmente por suas características, possuindo muito menos peças (mais de 1.000 peças no carro com motor a combustão e apenas 200 no carro elétrico) além de não utilizarem óleo ou fluídos em seu motor.

Como exemplo, no final de outubro, a Volkswagen também anunciou a possibilidade de utilização da nova Kombi elétrica (versão de produção do ID. Buzz) como ambulância. "Os automóveis elétricos podem, até mesmo, servirem como geradores de energia em casos de blackouts e apagões. A utilização de uma ambulância elétrica pode, além dos benefícios já conhecidos, salvar vidas em casos de emergência elétrica em um hospital", afirma Aguiar.

Com todas essas vantagens, o que realmente falta para o setor público ampliar a utilização da eletromobilidade?

Para o executivo, ainda falta incentivo. "Nenhum segmento pode se estabelecer se não houver a estrutura necessária para o seu crescimento. Para que tenhamos essa economia, precisamos de ações públicas, principalmente da esfera federal, para que iniciativas de utilização de veículos elétricos possam se expandir em todo o território nacional. Hoje o veículo elétrico tem uma carga tributária maior que dos veículos a combustão", completa.