A decisão do Grupo Volkswagen de dispensar Herbert Diess de suas funções como CEO foi uma surpresa pra muita gente na semana passada. Entretanto, já havia sinais de que algo poderia estar acontecendo no grupo alemão. 

Já foi decidido em dezembro de 2021 que Diess teria que abrir mão da liderança da marca Volkswagen, a marca principal. Desde então, ele estava chefiando a divisão de software Cariad. Seu fraco desempenho, sobre o qual detalhes mais esclarecedores só vieram à tona na semana passada, pode ter finalmente custado a cabeça do líder do grupo.

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A Bloomberg informa que Diess está sendo responsabilizado pelos sérios atrasos de desenvolvimento que estão travando os lançamentos de projetos de carros elétricos de vanguarda da Porsche (Macan Elétrico), Audi (Projeto Artemis) e Bentley.

Isto foi aparentemente inaceitável para o grupo, até porque problemas de software também causaram atrasos no lançamento dos modelos da linha VW ID. Além disso, os clientes ainda têm que levar seus veículos às concessionárias para atualizações, o que não ainda não é possível de forma remota (on-the-air).

Enquanto o fiasco da Cariad, o braço de software do grupo, pode ter sido a gota d'água, Diess também foi repetidamente acusado de outros erros. Afirma-se que seu estilo de gestão sóbrio e pouco orientado para a equipe o deixou visivelmente isolado na empresa. Especialmente após repetidas disputas com o conselho de trabalhadores, a IG Metall e o estado da Baixa Saxônia.

Herbert Diess dirige um Fusca

No final, no entanto, foram os erros em torno da unidade de software Cariad que tornaram Diess indefensável, mesmo aos olhos de seus defensores. As famílias Porsche e Piëch, que controlam o Grupo Volkswagen, não puderam mais manter sua mão protetora sobre Diess nestas circunstâncias e providenciaram sua saída enquanto o executivo estava em uma viagem aos Estados Unidos na semana passada.

Em 20 de julho, o conselho supervisor finalmente decidiu que prazo de Diess havia acabado. Diess foi informado no dia seguinte e teve 24 horas para responder. Após consultas com seus advogados, Diess também decidiu que era hora de partir. Em 22 de julho, a Volkswagen tornou pública a decisão.

O caso de Herbert Diess mostra muito bem os desafios que os líderes dos gigantes industriais enfrentam quando tentam adequar a empresa à era digital. Mudanças significativas como esta muitas vezes causam conflitos de interesse dentro da empresa. Basta pensar no foco extremo da Diess na eletrificação. Ou o lançamento do Golf 8 no mercado, que foi quase tratado como algo secundário. 

No lugar de Diess, a partir de 1 de setembro estará o CEO da Porsche, Oliver Blume, que permanecerá, no entanto, como o número 1 do fabricante de carros esportivos. Blume está no quadro da Porsche desde 2013 e no quadro do grupo VW desde 2018. Ele é considerado peça-chave na equipe e um navegador inteligente nos vários campos do grupo. Uma de suas primeiras e mais importantes tarefas será provavelmente arrumar a bagunça na Cariad.