A Land Rover tem planos para produzir carros elétricos no Brasil. Em entrevista para o site Valor Econômico, François Dossa, diretor global de estratégia e sustentabilidade do grupo Jaguar Land Rover, falou sobre a reunião que teve com o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, na semana passada para tratar do assunto.
Segundo a matéria, a ideia da Land Rover é produzir veículos elétricos em sua fábrica localizada em Itatiaia (RJ), que foi inaugurada em 2016 e atualmente fabrica modelos com motores a combustão. O objetivo seria atender ao mercado interno e também ampliar a capacidade para exportar para os Estados Unidos, país onde a empresa não tem linha de montagem.
O plano de produzir carros elétricos em terras brasileiras está em linha com a estratégia global da Land Rover, que tem como objetivo não fabricar mais veículos com motores a combustão a partir de 2030. Nesse ponto, a outra marca do grupo, Jaguar, anunciou que será uma montadora exclusiva de veículos elétricos já a partir de 2025.
E considerando a meta de conversão para uma montadora de veículos elétricos em 2030, a Land Rover teria que encerrar a atividade da unidade sul fluminense, caso ela não passasse a produzir elétricos até essa data.
Dossa sentiu entusiasmo da parte de Alckmin e se mostrou bastante animado com as possibilidades após a reunião. O executivo defende que a nova fase do programa Rota 2030 inclua incentivos para a produção local de veículos elétricos.
Questionado sobre a tecnologia dos veículos híbridos flex, apoiada por algumas montadoras, o diretor da Land Rover entende que o etanol terá um papel importante como uma solução temporária para avançar na descarbonização, mas que não compensa desenvolver uma nova geração de motores com esse tipo de propulsão.
“Mas quem garante que o consumidor vai encher o tanque com etanol?, pergunta Dossa.
“Ninguém pode obrigá-lo”.
E completa que a eletrificação é um caminho sem volta:
"Algumas cidades já interditam a circulação de carros a combustão". "Quando o carro ocupou o lugar da carruagem muitos diziam que não daria certo. Agora, na eletrificação, o Brasil ainda leva a vantagem da geração de energia limpa.
No final, falou sobre sustentabilidade, argumentando que o conceito vai além das emissões dos veículos e deve considerar todo o processo, como origem da energia na produção, desenvolvimento, fábricas e até a forma de vender.
Nesse ponto, Dossa entende que é necessário mudar o jeito de encarar o carro. O veículo tem que ser mais durável, sendo melhorado por meio da atualização de software.
“Meu sonho é vender um carro para toda a vida, o que requer materiais cada vez mais resistentes. Isso é sustentabilidade”
É interessante entender melhor a visão da Land Rover, que junto com outras montadoras que apostam na eletrificação, já enxerga a viabilidade na produção local de carros elétricos.
Um conjunto de incentivos nesse sentido faria muito bem para o avanço da mobilidade elétrica no país. Apenas como referência, a participação dos veículos elétricos nas vendas é de apenas 0,5% no Brasil, sendo que nos mercados mais avançados da Europa já fica entre 10% e 20%, e acima de 25% na China.
Fonte: Valor Econômico
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