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Por quanto tempo incentivos fiscais suportarão o mercado de elétricos?

Enquanto Brasil tem poucas medidas nesse sentido, perspectivas em outros países não é positiva

Chevrolet Bolt EV/Bolt EUV

A Alemanha, país onde se encontram vários fabricantes de automóveis e as famosas estradas Autobahn sem limites de velocidade, vai acabar prematuramente com o seu programa de subsídios para as pessoas que comprarem um carro elétrico novo.

O programa, que oferecia 6.750 euros (R$ 36 mil) de incentivo a quem comprasse um novo veículo elétrico com um preço inferior a 40.000 euros (R$ 214 mil), deveria durar até ao final de 2023 e continuar, de uma forma ou de outra, em 2024, mas isso já não vai acontecer.

De acordo com a publicação alemã Handelsblatt o país que sede de BMW, Porsche e Volkswagen, entre tantas outras, decidiu por um fim a qualquer forma de subsídio à compra de veículos eléctricos, praticamente de um dia para o outro. Mas este é apenas um caso em que um governo decidiu simplesmente desistiu de dar incentivos.

No início deste mês, a Romênia, outro membro da União Europeia, propôs cortar aquele que era um dos maiores bônus na compra de um um elétrico. Era de 12.000 euros (R$ 64 mil), mas foi cortado para apenas 2.000 euros (R$ 10,7 mil) a partir do próximo ano. O Ministério do Ambiente romeno mudou de ideias após reação negativa do público e propôs um bônus de 5.000 euros (R$ 26,7 mil) a partir de 2024.

A França e a Espanha também vão alterar os seus regimes de incentivo, de uma forma ou de outra, a partir de 2024, seja reduzindo o bônus em dinheiro, seja mirando diretamente os veículos elétricos baratos fabricados na China, que supostamente são produzidos com a ajuda da energia gerada por usinas de carvão.

Os Estados Unidos estão numa situação semelhante, com o incentivo fiscal federal sofrendo várias alterações que afetarão os veículos elétricos alimentados por baterias fabricadas com materiais provenientes das chamadas "entidades estrangeiras de interesse" (FEOC), incluindo a China, o Irã e a Rússia.

Mas todas estas alterações significam que os potenciais compradores que pretendam sentar-se ao volante de um novo carro elétrico acabarão provavelmente por adquirir um carro a combustão, simplesmente porque os veículos eléctricos a preços acessíveis continuam a não existir, pelo menos na Europa e nos Estados Unidos.

A China já oferece uma gama de pequenos veículos urbanos elétricos e baratos, mas o ocidente tem imposto barreiras à sua comercialização. Dessa forma, os primeiros carros elétricos de fato baratos a serem fabricados em solo europeu ou estadunidense ainda estão longe de aparecer.

As pessoas querem carros elétricos acessíveis e a indústria precisa de margens de lucro, mas parece que os governos de todo o mundo estão fartos de subsidiar carros eléctricos caros. E até que os fabricantes se recomponham e dêem às pessoas o que elas querem, poderemos assistir a uma diminuição das taxas de adoção de veículos eléctricos, o que não é nada bom.

Mesmo no mercado brasileiro, onde o volume de vendas de carros elétricos ainda é incipiente, apesar de crescer todos os anos, não há nenhum incentivo fiscal direto para quem optar pela compra de um veículo elétrico. O que existia era uma taxação menor para a importação de carros deste tipo. Porém, desde novembro, foi decidido pelo governo que se voltaria a cobrar os impostos de importação para elétricos de forma gradual entre 2024 e 2026.

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