O CEO da Stellantis, Carlos Tavares, soou o alarme sobre as potenciais tarifas aplicadas aos veículos elétricos chineses que estão sendo consideradas pela União Europeia e pelos Estados Unidos.

Em entrevista à Reuters, Tavares argumentou que tais medidas seriam uma "armadilha" para as economias ocidentais, falhando em proteger as montadoras domésticas da concorrência feroz dos fabricantes chineses de baixo custo. Em vez disso, ele enfatizou a necessidade dos fabricantes ocidentais reestruturarem seus negócios para se tornarem mais competitivas em termos de preço.

Leapmotor T03

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Tavares prevê uma batalha acirrada por participação de mercado europeu de veículos elétricos, com os fabricantes chineses representando um desafio significativo. Ele alertou para possíveis perdas de empregos e desaceleração da produção se as empresas ocidentais não se adaptarem.

Tavares acredita que as tarifas provocariam inflação nas regiões onde fossem implementadas, potencialmente levando a um declínio nas vendas e na produção. Ele argumenta que tais medidas são uma tentativa míope de evitar a reestruturação interna necessária pelas montadoras ocidentais.

Leapmotor C10

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"Quando você luta contra a concorrência para absorver 30% da vantagem competitiva de custo em favor dos chineses, há consequências sociais", disse Tavares. Ele também criticou os governos europeus por se esquivar de abordar esses desafios.

Tavares reconheceu a dura competição pela frente, afirmando: "Não estamos falando de um período darwiniano, estamos nele." Ele antecipa uma batalha de preços "muito dura" com rivais asiáticos, impactando revendedores, fornecedores e montadoras. Ele também destacou a resistência à mudança dentro da indústria automotiva europeia, onde muitas partes interessadas parecem contentes com o status quo.

Citroën e-C3 (2024)

Embora alguns na Itália estejam pressionando a Stellantis a aumentar a produção no país, Tavares focou na questão mais ampla da supercapacidade no setor automotivo europeu. Ele destacou a crescente presença de montadoras chinesas, com vendas já atingindo 1,5 milhão de veículos anualmente na Europa, representando uma participação de mercado de 10%.

Para enfrentar esse desafio, Tavares revelou "discussões muito gratificantes" com sindicatos, buscando sua colaboração para navegar neste período crítico. Além disso, a Stellantis anunciou uma joint venture inovadora com a montadora chinesa Leapmotor. Esta parceria permitirá que a Stellantis venda e produza os EVs da Leapmotor fora da China, começando pela Europa, incluindo também o Brasil. Essa estratégia reflete uma mudança no sentido de abraçar a expertise chinesa e se tornar mais competitivo no segmento de veículos elétricos de baixo custo.

Em resumo, o CEO da Stellantis propôs uma abordagem diferente para lidar com a ameaça competitiva representada pelos fabricantes chineses. Ele pede que as economias ocidentais evitem medidas protecionistas como tarifas e, em vez disso, se concentrem na reestruturação interna e em parcerias estratégicas para se manterem competitivas no mercado de veículos elétricos em rápida evolução.