Em um esforço para reduzir os custos na transição energética, a Stellantis está considerando se separar de alguns de seus fornecedores e fabricar componentes de veículos elétricos por conta própria. Essa decisão, revelada pelo CEO Carlos Tavares, demonstra a crescente pressão que as montadoras europeias estão enfrentando para acompanhar os rivais chineses, que oferecem modelos elétricos mais baratos.
Tavares, durante uma teleconferência realizada em Melfi, no sul da Itália, afirmou que "quando os fornecedores não correm na mesma velocidade de nossas equipes, nossas equipes veem um grande benefício dentro de casa". Essa declaração indica que a Stellantis está buscando soluções internas para reduzir custos, caso seus fornecedores não consigam acompanhar as demandas e os preços competitivos exigidos.
Essa postura se encaixa no contexto de desaceleração da demanda por veículos elétricos na Europa, onde os custos elevados de empréstimos, o crescimento econômico moderado e a diminuição dos subsídios impactaram negativamente as vendas. Nesse cenário, as montadoras europeias precisam encontrar maneiras de reduzir custos para manter a competitividade e viabilizar a produção de carros elétricos mais acessíveis.
Para ilustrar a pressão sobre os preços, a BYD, montadora chinesa em ascensão, planeja lançar seu hatchback BYD Seagull (Dolphin Mini) no próximo ano por um preço abaixo de 20.000 euros (R$ 115 mil). Essa estratégia agressiva coloca ainda mais pressão sobre as montadoras europeias para otimizar seus custos de produção.
Embora a Stellantis tenha elogiado a Valeo, um de seus principais fornecedores, por manter o controle dos custos no ano passado, a empresa busca alternativas para reduzir ainda mais. A fabricante também compra de empresas como Continental, Magna International, Forvia e Aptiv, entre outras, e está revisando seus relacionamentos com todos esses fornecedores.
Além de buscar soluções internas para reduzir custos de componentes, a Stellantis e seus parceiros também estão ajustando os níveis de investimento em baterias EV para corresponder à demanda dos veículos. Essa medida demonstra a cautela da empresa em relação ao futuro do mercado de carros elétricos e a necessidade de adaptar-se às mudanças na demanda.
Em relação à fábrica de Melfi, que fabrica os modelos Jeep e Fiat, Tavares destacou que a produtividade e a qualidade melhoraram. Apesar de ter cortado empregos na Itália, o CEO se referiu às recentes negociações com os sindicatos italianos como "construtivas". A Stellantis apoia a meta do governo italiano de produzir 1 milhão de veículos localmente, desde que "haja 1 milhão de compradores para eles", disse Tavares.
A decisão da Stellantis de abandonar alguns fornecedores e fabricar componentes por conta própria é um sinal claro da pressão que as montadoras europeias estão enfrentando para reduzir custos e se manterem competitivas no mercado de carros elétricos. A velocidade e a capacidade de implementação dessas mudanças ditará o sucesso das marcas ocidentais frente às chineses. O desafio é enorme.
Fonte: Automotive News
RECOMENDADO PARA VOCÊ
Stellantis prioriza produção de carros elétricos para cumprir metas de CO2
EUA superam Europa nas vendas de carros elétricos pela primeira vez
No Brasil em 2025, Leapmotor atinge a marca de 500.000 carros produzidos
Como a ofensiva de produtos da BYD a levou ao topo de setor automotivo
Carro elétrico popular da Stellantis terá produção ainda em 2024 na Europa
Brasil quer 33% dos veículos elétricos com baterias locais até 2033
Carros elétricos podem atingir 24% do mercado na Europa até 2025