CEO da Stellantis defende transição para elétricos e gera crise com lojistas
Conflito com várias associações de concessionários na Europa pelos seus posicionamentos em relação aos elétricos
Quatro associações que representam concessionários da Stellantis na Europa pediram à União Europeia mais tempo para que a indústria possa cumprir a meta mais rigorosa de emissões médias de CO2 da frota, que entrará em vigor no próximo ano.
Essa ação alinha os concessionários à Associação Europeia de Fabricantes de Automóveis (ACEA), mas os coloca em oposição ao CEO da Stellantis, Carlos Tavares, que afirma que a montadora está pronta para cumprir a meta.
A tecnologia Bio-Hybrid da Stellantis
“Nós acreditamos firmemente que as metas de redução de CO2 estabelecidas para 2025 são inviáveis nas condições atuais de mercado”, disseram as associações em uma carta aberta de 7 de outubro à presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. “A falta de veículos elétricos a bateria (BEVs) acessíveis, combinada com a infraestrutura de recarga insuficiente, criou uma lacuna significativa entre os requisitos regulatórios e as capacidades do mercado.”
As associações também pediram a von der Leyen "considerar mudanças legislativas que facilitariam uma transição mais gradual para as metas de 2035", afirmando que isso beneficiaria “todas as partes interessadas”. A Europa deseja que todos os carros vendidos no bloco até então sejam de emissões zero.
Desafios para os concessionários
Fiat Grande Panda EV com cabo de carregamento integrado
A carta também destacou que os concessionários da Stellantis “estão enfrentando desafios significativos para cumprir as rígidas metas de vendas de veículos elétricos, impostas tanto pelo fabricante quanto pelas próximas regulamentações da União Europeia, enquanto as condições de mercado ainda não suportam tal crescimento de volume”.
Em 19 de setembro, a European Automobile Manufacturers Association (ACEA) pediu "ação urgente" antes das metas de emissões de 2025, alertando que elas poderiam resultar em bilhões de euros em multas para algumas montadoras, em um momento em que a indústria está lidando com uma desaceleração acentuada na demanda por veículos elétricos.
Citroen C3 Aircross elétrico
Carlos Tavares tem uma visão conflitante: "As regras são conhecidas há vários anos. Minha equipe está pronta para a luta", disse ele aos jornalistas em Turim, em 17 de setembro. "Agora, estamos a poucos meses do início da corrida, e alguém diz: espere, mude as regras."
Mesmo que as vendas de veículos elétricos tenham desacelerado na Europa, isso não muda o fato de que "o problema do aquecimento global ainda está aqui", disse Tavares. Ele afirmou que as montadoras que pedem o adiamento podem estar com medo de perder dinheiro, já que a margem de lucro nos veículos elétricos é menor do que nos modelos com motores a combustão interna. Além disso, há o custo maior de produção dos veículos elétricos.
Novo Peugeot e-2008 2024
As montadoras têm até o final de 2025 para cumprir as novas regras da UE, que exigem que as emissões médias de CO2 da frota sejam de 95 gramas por quilômetro, abaixo dos 106,6 g/km em 2023. Isso significa que algumas montadoras podem precisar dobrar as vendas de elétricos de emissões zero para evitar multas. A pressão para vender mais elétricos ocorre justamente quando o mercado para esses modelos de emissão zero está estagnado, após o fim de incentivos governamentais para sua compra em alguns países.
As associações que assinaram a carta para von der Leyen foram: AECP (representando concessionários Peugeot), ACCDE (Citroën e DS Automobiles), ADEFCA (Fiat, Lancia, Abarth, Alfa Romeo, Jeep e Fiat Professional) e EURODA (Opel e Vauxhall).
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