Os veículos elétricos a bateria são a grande aposta da indústria em um futuro automotivo com zero emissões. Novos carros elétricos estão surgindo por toda a parte, na esperança de cortejar uma gama mais ampla de clientes que, de outra forma, teriam comprado um carro a gasolina. No entanto, existem algumas montadoras (três delas, na verdade) que estão trabalhando em outra forma de transporte ecológico: o veículo com célula de combustível a hidrogênio.
O novo Toyota Mirai 2021 junta-se ao Honda Clarity Fuel Cell e ao Hyundai Nexo crossover como os únicos veículos com célula de combustível atualmente disponíveis ao público. Redesenhado para a linha 2021, o Mirai de segunda geração é um caso convincente, com um design bastante melhorado e refinamento típico de um Lexus. O hidrogênio funciona apenas para uma pequena parte dos clientes - de acordo com o Departamento de Energia dos Estados Unidos, existem apenas 45 postos públicos de abastecimento de hidrogênio no país e 44 deles estão na Califórnia - mas mesmo para esses poucos clientes potenciais, nossos parceiros do Motor1.com nos EUA conheceram o modelo amigo do meio-ambiente para trazer as primeiras impressões.
Não vamos medir as palavras aqui: o Mirai de primeira geração é um veículo verdadeiramente horrível. Mas, pelo amor de Deus, a Toyota se superou com este novo carro, que é lindo de morrer. Lá se vão as proporções volumosas e incompatíveis do modelo anterior, substituídas por um sedã longo e elegante.
A Toyota limpou a prancheta para este projeto, optando por uma plataforma de tração traseira emprestada do carro-chefe Lexus LS. A dianteira do carro possui um capô bastante alongado, complementado por faróis triangulares com longas faixas de luzes de LED. Abaixo de um emblema da Toyota há uma grade bastante ampla, não muito diferente do Avalon. Dê uma olhada pelo perfil lateral e verá um design pseudo-cupê em andamento, como se fosse uma versão japonesa do Audi A7. Também apreciamos a visão traseira de três quartos com sua lanterna em um único elemento e sinalizadores de pára-choque aumentados. O melhor detalhe, no entanto, é esta pintura Hydro Blue, que se encaixa perfeitamente com o design.
A Toyota limpou a prancheta para este projeto, optando por uma plataforma de tração traseira emprestada do carro-chefe Lexus LS
A Toyota também fez grandes mudanças internamente. Este é facilmente o Toyota que mais se parece um Lexus (se isso faz algum sentido) que já testamos. Cada ponto de contato importante é muito bom, revestido com couro sintético macio ou plástico texturizado. Este modelo também inclui um divertido acabamento em ouro rosa - talvez seja cobre - que traça os painéis das portas, partes do painel e até mesmo ao redor dos suportes para copos.
No entanto, é a grande quantidade de espaço na tela que chama a atenção logo de cara. Todo Mirai inclui um sistema de informação e entretenimento com tela sensível ao toque central de 12,3" que funciona junto com um painel de instrumentos digital de 8,0". Os modelos Limited de última geração também contam com uma gama mais agradável de recursos, como controle de temperatura de três zonas, bancos dianteiros aquecidos e ventilados, volante revestido de couro e head-up display.
Ficamos interessados no tamanho da tela do sistema informação e entretenimento, mas, assim como em outros modelos da Toyota, não é nosso sistema favorito para interagir. As informações estão por toda parte, e os layouts do menu são super confusos. Além disso, os gráficos com o tema roxo parecem muito atrasados para um carro com uma aparência futurista.
Felizmente, há muito conforto interior para relaxar depois de interagir com o frustrante pacote de entretenimento. Os ocupantes dos assentos dianteiros têm 97,5 cm de altura livre e 107 cm de espaço para as pernas - ambos mais que suficientes para quem não esteja jogando pelo Lakers.
Com a linha do teto inclinada, o banco traseiro perde um pouco de altura, ficando em 95 cm, mas ainda é sólido em comparação com os 96,5 cm do Camry. Da mesma forma, os 83,3 cm de espaço para as pernas no banco traseiro são apenas sete centímetros a menos do que o primo deste carro, o Lexus LS. Em contraste com a cabine espaçosa, o porta-malas mede apenas 271 litros - bem abaixo dos 427 litros do Camry - graças aos tanques de hidrogênio a bordo do Mirai.
Os veículos a hidrogênio ocupam o meio-termo entre os carros elétricos e a gasolina, pelo menos no sentido de que você os abastece em algo semelhante a uma bomba. O Mirai recarrega sua energia em uma estação de hidrogênio - encher o tanque é mais rápido do que o tempo gasto em um posto de gasolina convencional.
Ou tanques, porque há três deles - são reforçados com fibra de carbono e polímero reforçado com fibra de vidro para garantir que sejam basicamente indestrutíveis. É sério, os engenheiros da Toyota chegaram ao ponto de atirar nos tanques com armas e incendiá-los para se certificar de que eram sólidos como uma rocha. Eles fizeram isso, obviamente, para garantir que o suprimento de hidrogênio excepcionalmente inflamável fosse protegido no caso de um acidente.
Os veículos a hidrogênio ocupam o meio-termo entre os carros elétricos e a gasolina, pelo menos no sentido de que você os abastece em algo semelhante a uma bomba
Sob o capô está uma pilha de células de combustível, que se parece um pouco com um motor de quatro cilindros, pelo menos com a tampa. Uma infinidade de fios laranja brilhantes direciona a energia da célula de combustível diretamente para a bateria de íon-lítio montada no assoalho, que tem uma capacidade de apenas 1,24 kWh - há um fluxo constante de energia da célula, então a bateria pode ser bem pequena. A partir daí, a eletricidade passa para um único motor elétrico no eixo traseiro, enviando energia para as rodas traseiras.
O destaque é uma autonomia avaliada pela agência norte-americana EPA de até 650 km por abastecimento, que é uma melhoria de 30 por cento em relação ao modelo de primeira geração. Menos emocionante é a potência do motor elétrico de 184 cavalos e 30,5 kgfm de torque máximo. Este carro pesa 1.966 kg na versão Limited, o que é uma grande massa para o motor elétrico puxar. Com o pé afundado no pedal, 96 km/h chegam em 9,2 segundos.
Nas estradas entre os condados de Orange e San Diego, o Mirai se parece muito com qualquer elétrico sem pretensão de alto desempenho. A entrega de torque é instantânea, mas relaxada após o soco inicial. Ao se deparar com uma rampa ou aclive em rodovia, você precisará pisar fundo para ganhar velocidade.
Através da rodovia Ortega maravilhosamente sinuosa, mudamos do modo de direção Normal para o Sport, que deixa o Mirai mais arisco, com sensação de direção mais firme e acelerador mais reativo. O Mirai faz curvas com rolagem significativa da carroceria, onde você realmente sente o peso do carro ser transferido para a esquerda e para a direita. Os freios fazem o possível para desacelerar as coisas, mas a massa de 1.966 kg do carro torna o trabalho mais difícil. Em última análise, este é um sedã grande e pesado que não gosta de ser empurrado.
Uma vez em alta velocidade, o sedã grande é o mais sereno possível, com muito pouco ruído vindo do chassi ou dos pneus
Mas vamos parar por um momento e lembrar que ninguém está comprando este carro para ser um perito das pistas, o que certamente não é a proposta. Este é um veículo não poluente para fazer os deslocamentos diários e viagens com conforto. E nesta tarefa específica, o Mirai se destaca.
Uma vez em alta velocidade, o sedã grande é o mais sereno possível, com muito pouco ruído vindo do chassi ou dos pneus. Em velocidades de cruzeiro, há algum ruído de vento pronunciado, mas isso é esperado de um carro sem uma nota de ronco de motor para esconder essas coisas. O Mirai oferece um ruído artificial que entra na cabine sob aceleração, embora pareça que fantasmas estão assombrando o carro. Desligue-o e use o sistema de som JBL para abafar o ruído do vento.
O que também torna o deslocamento um pouco mais fácil é o pacote de série Toyota Safety Sense 2.5 Plus. Tanto o XSE quanto o Limited vêm carregados com todos os componentes do kit de segurança que a Toyota oferece, incluindo frenagem de emergência automática com detecção de pedestres, assistência na saída de faixa e controle de cruzeiro adaptativo. Ligamos o controle de cruzeiro por um trecho da estrada e ficamos impressionados com seu comportamento. Dito isso, em uma ocasião, a assistência de saída de faixa funcionou com tanta intensidade que pensamos ter estourado um pneu.
O Mirai é um carro que funciona para uma parcela muito pequena de pessoas no mundo, e a Toyota é a primeira a admitir isso. Os EUA são de longe o maior mercado de FCV e, mesmo assim, quase todas as vendas serão realizadas na Califórnia. A Toyota projeta que pode vender cerca de 3.200 unidades, tornando o volume extremamente baixo, pelo menos para os padrões desta empresa. Áreas específicas do Nordeste do país receberão o carro eventualmente, mas limitadas à tração traseira, então nos perguntamos o quão popular será o Mirai.
O Mirai é um carro que funciona para uma parcela muito pequena de pessoas no mundo, e a Toyota é a primeira a admitir isso
Os interessados no Mirai têm que cumprir alguns requisitos - como proximidade de postos de abastecimento - e podem alugar ou comprar o carro. A partir de US$ 49.500 (R$ 257.000), o Mirai 2021 é na verdade US$ 9.000 (R$ 46.700) mais barato que seu antecessor. Para esta geração, a Toyota adiciona o modelo Limited, que custa US$ 66.000 (R$ 342.000). Olhando para os concorrentes, o Hyundai Nexo custa US$ 58.735 (R$ 304.800), enquanto o Clarity Fuel Cell da Honda começa em US$ 379 por mês. Para três marcas generalistas, esses veículos não são baratos.
Com isso em mente, o Mirai se diferencia por ser um produto definitivamente mais luxuoso por um preço que agora é mais baixo. Não é loucura sugerir que, especialmente na variante topo de gama, o Mirai merecia usar o emblema da Lexus. E depois de dirigir o carro por algumas horas, podemos afirmar: o novo Toyota Mirai 2021 é uma alternativa sólida para um produto com emissões zero.
Toyota Mirai Limited 2021
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