O avanço da mobilidade elétrica global vai muito além da produção dos veículos, da rede de distribuição de energia e das políticas públicas que incentivam a descarbonização. E é justamente esta transformação mais ampla, que envolve os setores de comércio e serviços, que começamos a experimentar no Brasil.

Como parte das estratégias ESG, vemos varejistas, entre outros segmentos econômicos, começarem a exigir veículos movidos a energia limpa de seus operadores logísticos.

Estes operadores, por sua vez, têm buscado as locadoras de veículos para adaptarem as suas frotas às novas exigências. As locadoras, por seu turno, incrementam as compras de veículos elétricos e híbridos com as montadoras – o primeiro elo desta longa corrente.

Apesar dos desafios causados pela pandemia, as vendas mundiais de veículos elétricos continuam crescendo. No Brasil, a tendência se confirmou no primeiro trimestre deste ano, de acordo a Associação Brasileira de Veículos Elétricos. As vendas dos eletrificados leves mais que dobraram no período, na comparação anual, embora a frota atual do país, de 86,9 mil veículos elétricos, ainda esteja engatinhando.

Os prognósticos continuam positivos para os veículos comerciais. Prevê-se que o mercado mundial de caminhões elétricos alcance 324 mil unidades até 2026, bem acima das 10 mil registradas em 2018, segundo a plataforma Statista.

Sabemos que há muitos desafios pela frente, mas temos uma visão otimista deste cenário porque vemos um crescente interesse dos clientes pela eletrificação gradativa das suas frotas. Neste mês, por exemplo, estamos entregando as primeiras unidades de uma centena de caminhões elétricos que vai compor a frota da Ouro Verde somente em 2022. Este é só o começo.

As empresas reconhecem primordialmente os benefícios ambientais desta migração. No entanto, há outras vantagens: os motores dos caminhões elétricos têm menos peças em comparação com os veículos a diesel, e não precisam de transmissões, reduzindo o custo de manutenção e a poluição sonora, que é quase nula.

É fato que os custos iniciais são a principal barreira aos investimentos em eletrificação de frotas. Entretanto, no caso da locação, a diminuição dos gastos com manutenção gera um equilíbrio nas contas no longo prazo. Além disso, as instituições bancárias e os incentivos fiscais fazem parte deste movimento para acelerar a adoção da mobilidade elétrica.

A infraestrutura de carregamento é, também, um gargalo a ser superado, e que vem sendo tratado há anos pelos planejamentos urbanos e pelos projetos das companhias de energia elétrica. Enfim, trata-se de um ecossistema em plena expansão.

*Por Claudio Zattar, CEO da Ouro Verde