O Brasil deu mais um passo para avançar na cadeia global de produção de baterias para carros elétricos. Nesta semana, em evento realizado em Nova York (EUA), foi lançada a iniciativa Vale do Lítio (Lithium Valley Brazil), que é uma ação coordenada entre governos e empresas para impulsionar a região norte de Minas Gerais como fornecedor global de lítio.

O projeto liderado pelo governo de Minas Gerais em conjunto com o Ministério de Minas e Energia (MME) tem como objetivo atrair investimentos internacionais para exploração do lítio na região norte do estado, que concentra a maior reserva desse mineral no Brasil. O lançamento foi feito na Nasdaq, maior bolsa de valores do mundo em negócios de tecnologia e inovação.

vale do litio mg lancamento (1)

O lítio é um mineral utilizado em muitas aplicações, além de ser considerado essencial para a transição energética, servido de base para a produção de baterias para carros elétricos - segundo estimativas da Agência Internacional de Energia, sua demanda internacional irá crescer mais de 40 vezes nas próximas duas décadas.

O governador de Minas Gerais, Romeo Zema, destaca que o lançamento do projeto na Nasdaq significa que Minas Gerais está mostrando para o mundo o grande potencial que tem na produção do metal estratégico, que terá papel fundamental na transição energética.

“Queremos que o Vale do Jequitinhonha se transforme no vale da tecnologia para a produção de baterias e demais produtos de valor agregado”, explicou.

Galeria: Sigma Lithium - MG

O Brasil está entre os países com maior potencial de extração do lítio, ao lado de Chile, Argentina, Estados Unidos, Canadá e Austrália. No entanto, o Vale do Lítio oferece diversos diferenciais, como um lítio de pureza alta, ao contrário da maioria dos outros países, o que facilita o uso na fabricação de baterias com maior capacidade. Além disso, a extração nacional utiliza menos água que o modelo tradicional, tornando o processo menos agressivo ao meio ambiente.

“O Vale do Lítio tem condições de ser um dos principais polos mundiais de fabricação e de desenvolvimento de tecnologias nesse setor. Estamos prontos para auxiliar os investidores com todas as informações disponíveis para que tragam seus projetos para Minas Gerais e aproveitem essa oportunidade de negócio”, disse o diretor-presidente da Invest Minas, João Paulo Braga. 

Ainda em formação, o “Vale do Lítio” já possui quatro mineradoras desenvolvendo projetos de exploração do mineral no Jequitinhonha: Sigma Lithium (Canadá), Atlas Lithium (EUA), Lithium Ionic (Canadá) e Latin Resources (Australia).

Sigma Lithium Minas Gerais (2)

E segundo relata o portal EPBR, Ana Cabral Gardner, CEO da Sigma, afirma que a companhia tem planos de triplicar as operações em Minas Gerais.

“A escala é absolutamente superlativa. Vamos começar a fornecer lítio suficiente para abastecer 617 mil carros elétricos (…) Estamos investindo para triplicar as operações da operadora no próximo ano”, contou.

“Seremos capazes de abastecer 1,6 milhão de carros elétricos (…) O material é espetacular. É de pureza ultra alta, battery grade, e vai direto para os fabricantes de baterias, passando por um processo de refino muito fácil”, explica.

Por fim, a executiva destacou os esforços entre governo estadual e federal para impulsionar a indústria do lítio na região.

Produção de baterias no Brasil

Do outro lado, a Anfavea, que representa os fabricantes automotivos no país, defendeu esse movimento de exploração de lítio, mas com um olhar mais adiante: já pensando na produção local de baterias para impulsionar o setor automobilístico no Brasil. 

Em audiência pública na Câmara do Deputados, Luiz Carlos Gomes, vice-presidente da Anfavea falou sobre o assunto: 

“Precisamos avançar na produção de baterias de lítio. Para isso é fundamental termos uma exploração com alta tecnologia e economicamente viável”,

Vale lembrar que num estudo publicado recentemente a pedido da Anfavea, a estimativa é de que os veículos leves híbridos plug-in, híbridos e elétricos representem cerca de 32% das vendas anuais em 2035, indicando o avanço da eletrificação por aqui, o que demandaria baterias em grandes volumes. 

Fontes: EPBR Agência MG