Teste: Audi Q8 e-tron Sportback e a boa receita clássica alemã
Sem os exageros de alguns concorrentes, reestilização fez bem para o SUV alemão
As marcas alemãs são conhecidas pela sua sobriedade e engenharia direta e livre de questionamentos. Algumas começaram a abusar um pouco mais no design principalmente em elétricos, mas outras ainda estão ali para um público mais tradicional. Com a linha e-tron, a Audi segue esse caminho, para a alegria de seus clientes e dos tradicionalistas.
Este é o Audi Q8 e-tron Sportback. Sim, junto com o novo visual e nova bateria, o SUV recebeu um novo nome como parte da estratégia da Audi de ter famílias identificadas pelas numerações - ou seja, a partir de reestilizações e novas gerações, os modelos pares são elétricos e, os ímpares, com motores a combustão, puros ou híbridos.
Sim, mudou por cima e por baixo
O Audi Q8 e-tron Sportback é aquele carro que não chama a atenção muito além que qualquer SUV premium. Só quem o conhece sabe que é um carro elétrico, já que o design alemão não faz questão de gritar isso ao mundo. Nessa versão cupê, tem o charmoso caimento do teto e tampa traseira que dão um estilo mais esportivo se comparado ao SUV normal. Nesta versão Launch Edition, as rodas de 22" tem um acabamento fosco e combinam com o carro.
A dianteira recebeu um novo parachoque com uma grade (agora ativa, com abertura e fechamento automáticos) mais destacada, fazendo a ligação entre os faróis em LEDs Matrix e, ao meio, o novo logo da Audi, em um estilo mais limpo e na cor cinza. Como manda a cartilha alemã, até na hora de mudar você precisa prestar atenção a cada detalhe, como a discreta mudança do parachoque traseiro. Sim, é um carro bonito e sem muitos exageros - até a grade iluminada é discreta comparada a outras alemãs.
O que mais mudou? Por dentro, alguns acabamentos são feitos de materiais reciclados, assim como os isoladores acústicos, que estão mais presentes nesta reestilização, assim como o uso de mais placas embaixo do carro para acelerar a velocidade do vento. O foco foi aumentar o conforto e, no caso do visual, melhorar o fluxo de ar e aerodinâmica do que realmente mudar o Q8 e-tron Sportback.
Quer dizer que a engenharia de motores, bateria e suspensão não trabalhou? Negativo. A suspensão a ar foi recalibrada para melhores respostas, com novas buchas dianteiras e ajustes das bolsas e amortecedores e da direção elétrica, mais rápida. A dupla de motores elétricos não tem mudanças na potência de torque, com 408 cv e 67,7 kgfm de torque, mas o motor traseiro tem mais geradores de campo magnético para produzir o mesmo torque com menos energia.
O que mais pode fazer a diferença no novo Q8 e-tron Sportback é o pacote de baterias. Com uma melhoria em suas células, foi de 95 kWh (86,5 kWh úteis) para 114 kWh (106 kWh) sem aumentar peso ou dimensões, ainda instalada no assoalho. Em AC, a capacidade é a mesma de até 11 kW (22 kW como opcional no Performance Black e de série no Launch), mas em DC foi de 150 para 170 kW de capacidade.
Não é novo, mas ainda é muito bom
Justamente por não entregar de cara que é um elétrico ou trazer certos exageros que o Q8 e-tron é interessante - a única coisa questionável ainda é o retrovisor por câmeras, um opcional que vou falar mais adiante. Se você sair de um Audi a combustão, vai logo se acostumar ao elétrico na usabilidade de sistemas e ergonomia de bancos e seletores de diversos comandos, bem tradicionais. Até a chave presencial é a mesma utilizada pelos modelos mais novos.
O painel de instrumentos configurável, em tela de 12,3", tem um modo bem semelhante ao dos demais Audi e um exclusivo do e-tron, com velocímetro central e demonstrativo de uso de energia. Ao centro, a tela de sistema multimídia tem um software também conhecido, com espelhamentos sem fios, ligado a um sistema de som assinado pela Bang & Olufsen, e abaixo uma outra tela para comandos de ar-condicionado e funções do carro. É moderno, apesar de uma arquitetura conhecida, e que funciona bem.
O mais presente é o silêncio. Se não bastasse a quietude dos motores elétricos, barulhos de vento e de rodagem praticamente não chegam ao interior do Audi, assim como a suspensão, mesmo um pouco mais firme que a anterior, ainda filtra muito bem o que acontece ali fora sem reclamar. Como manda a cartilha alemã, um carro muito bom para quem dirige e para quem é dirigido.
Não há uma mudança no desempenho - no teste, os números de aceleração e retomadas foram os mesmos da unidade pré-reestilização. No modo Efficiency, o Q8 e-tron Sportback é fácil de ser controlado e, pela aletas no volante, dá para regular a regeneração de energia. Com os 67,7 kgfm de torque disponíveis a qualquer toque no acelerador, não tem como reclamar de como o SUV anda e, principalmente, como ele arranca. No modo Normal ou mais esportivo, empurra o corpo contra o banco com vontade.
Sobre a autonomia, este novo Q8 consumiu um pouco mais que o anterior, com 3,9 km/kWh na cidade e 3,8 kWh na estrada. Como comparação, o anterior fez 4,4 km/kWh na cidade e 4,0 km/kWh na estrada - com o conjunto antigo de baterias, fazia 380 km na cidade e 346 km na estrada. Com o novo conjunto e o consumo registrado, são 413 km na cidade e 402 km na estrada, bons números para um carro desse porte, mas que precisa de um bom carregador para não passar muito tempo carregando.
Que isso não mude, Audi
A nova suspensão do Q8 e-tron Sportback dá ao SUV de 2.715 kg uma dirigibilidade muito boa, principalmente pela direção mais direta e rápida e pelas respostas dos amortecedores adaptativos e bolsas de ar no lugar das molas tradicionais. Além de variar a altura, a carga aplicada no conjunto vai desde um carro confortável até uma carroceria mais firme e que dobra pouco mesmo nas curvas mais rápidas. Isso é algo que esperamos que a Audi nunca mude em seus carros, seja qual for o tipo de motor escolhido.
Todo o conjunto conversa bem. Potência, torque, respostas de direção e suspensão, freios bem calibrados e ajustados (algo difícil em um elétrico...), dá vontade de dirigir por horas e explorar ainda mais os limites que, com um sistema de tração integral com vetorizador de torque, nem parece ser um SUV deste tamanho ou peso se explorado direito e nem estamos falando de sua versão S, mais potente ainda.
Gostou? Na versão Launch Edition, a etiqueta é de R$ 741.990. Não é pouco dinheiro, mas o pacote de assistências e itens de série é bom, além de contar com o sistema de som assinado, teto-solar panorâmico, ar-condicionado de quatro zonas, por exemplo. O retrovisor por câmeras é um opcional que, apesar de não ser meu primeiro contato, ainda não me acostumei totalmente e ficaria com o tradicional, uma economia de R$ 15 mil na conta. Os faróis em LEDs Matrix inteligentes com projeção valem os R$ 25 mil extras, com certeza. Pelo carro aqui mostrado, é cobrado R$ 781.990.
Com tudo isso na conta, o Audi Q8 e-tron Sportback agrada por não ser futurista demais e ter a dirigibilidade que esperamos e conhecemos de um Audi. Não pede grandes mudanças na forma de usar um carro além do que um elétrico pede, como um carregador em casa, por exemplo. Que a marca não se renda ao diferentão que algumas de suas concorrentes estão indo e mantenha seu DNA aplicado nos futuros modelos.
Fotos: Mario Villaescusa (para o Motor1.com/InsideEVs)
Audi Q8 e-tron Sportback
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