A BYD, principal fabricante de veículos elétricos da China, está atraindo as atenções ao cobrar preços no exterior que chegam a ser o dobro ou o triplo do valor cobrado na China para os mesmos carros.
Enquanto políticos americanos e europeus temem que a indústria automotiva local seja dizimada por uma onda de veículos elétricos chineses baratos, a BYD lucra alto exportando esses carros com margens de lucro bem maiores do que as obtidas na China, devido à forte concorrência por lá.
Um exemplo é o BYD Atto 3, um SUV elétrico também vendido como Yuan Plus. Na China, o modelo intermediário custa US$ 19.283 (R$ 98.500). Já na Alemanha, o mesmo carro é vendido por US$ 42.789 (R$ 219.000), valor ainda competitivo se comparado a SUVs elétricos similares naquele mercado - no Brasil, o Yuan Plus custa R$ 229.800.
Essa grande diferença de preço reflete a intensa concorrência no mercado automotivo chinês, o maior do mundo, onde dezenas de marcas de carros elétricos disputam espaço. O hatchback elétrico BYD Seagull (Dolphin Mini), por exemplo, é vendido por menos de US$ 10.000 (R$ 51.000) na China - por aqui custa R$ 114.800 na versão mais equipada.
Além disso, a BYD se beneficia de um enorme custo-vantagem em relação aos concorrentes estrangeiros. A empresa controla toda a cadeia de produção, desde a matéria-prima até as baterias, o que reduz custos. Some-se a isso os subsídios do governo chinês para a indústria de carros elétricos.
Analistas apontam que as altas margens de lucro nas exportações também dão flexibilidade para a BYD baixar preços futuramente, caso necessário para conquistar mercado.
Por enquanto, as fabricantes chinesas, lideradas pela BYD, estão satisfeitas em manter os preços de exportação elevados e lucrar bastante. Elas buscam construir reputação global e valor de revenda alto para suas marcas, deixando para trás o estigma de produtos chineses baratos.
Um estudo da Reuters em cinco dos principais mercados de exportação da BYD (Alemanha, Brasil, Israel, Austrália e Tailândia) analisou o preço de três dos seus veículos elétricos mais vendidos: o hatchback Dolphin, o sedã Seal e o SUV Atto 3 (Yuan Plus).
O estudo concluiu que, nesses mercados, o preço inicial do BYD Atto 3 varia de 81% a 174% a mais do que na China. Os preços do Dolphin variam de 39% a 178% a mais, e os preços do Seal de 30% a 136% a mais.
Apesar dos custos extras associados à exportação, as margens de lucro da BYD no exterior continuam bem maiores do que na China. Por exemplo, a versão equivalente do Dolphin vendida na Alemanha custa US$ 37.439, mais do que o dobro do preço de US$ 16.524 cobrado na China - no Brasil a versão de topo sai por R$ 179.800 (US$ 35.100).
A BYD tem uma vantagem competitiva importante: a integração vertical de sua cadeia de suprimentos. Isso significa que a empresa fabrica quase todos os componentes de seus carros internamente, em vez de terceirizar para fornecedores.
Outro fator que reduz custos é o menor preço das baterias na China, cerca de 18% mais baratas do que na Europa. Some-se a isso o acesso facilitado a terrenos subsidiados e mão de obra mais barata na China.
Como resultado, as montadoras chinesas têm investimento de capital muito menor por veículo fabricado, o que gera lucro bem maior.
Fonte: Automotive News
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