O Mercedes-AMG EQS 53 é um daqueles carros que exigem muito tempo de convivência para entender tudo o que ele oferece. Como um modelo da família S da marca alemã, já teria tecnologia suficiente para 24 horas de uso. Assinado pela AMG e 100% elétrico, o tempo fica ainda mais corrido para explorar o concorrente de modelos como o Audi RS e-Tron e Porsche Taycan.
Mas já temos a nossa primeira experiência com o carro elétrico de alto desempenho, além dos números de teste de consumo energético e desempenho. Por R$ 1.399.900, oferece um show de tecnologias, luxo e conforto digno de um Classe S dentro da marca, além dos 761 cv e 104 kgfm de torque com um pacote opcional AMG Dynamic Plus, equipando este carro.
O EQS é o primeiro Mercedes-Benz feito em uma plataforma dedicada aos carros elétricos, a EVA2. Ao mesmo tempo, o AMG EQS é o primeiro 100% elétrico assinado pela divisão esportiva da marca, uma clara sinalização do que veremos em um futuro próximo. Ele não tem o motor assinado por um engenheiro, como nos modelos a combustão da divisão esportiva, mas também não é igual aos demais EQS.
A engenharia da AMG colocou a mão nos motores do EQS e levou a dupla aos 658 cv e 96,9 kgfm de torque. Aliás, essa dupla de motores é do tipo PSM, sem escovas e que trabalha com imãs sincronizados, sistema que é utilizado pelo Porsche Taycan, por exemplo, e que oferece maior potência, maior estabilidade de força, menor peso e desenho mais compacto. É mais caro, mas a utilização em modelos topo de linha está se tornando comum.
Para alimentar essa unidade, um assoalho cheio de baterias. São 12 módulos, 400 volts e capacidade de 120 kWh, ou 107,8 kWh úteis, a maior bateria em um carro de produção disponível no Brasil e que proporciona uma autonomia estimada de 526 a 580 km. A capacidade de recarga em AC é de 11 kW, enquanto em DC vai aos 207 kW, o que leva o estado de carga de 10 a 80% em 31 minutos, ou 300 km em 19 minutos. Em wallbox AC, são 10 horas de 0 a 100%, inclusive o que está incluso na compra do carro.
Não é o suficiente? Por R$ 60.100, há um pacote AMG Dynamic Plus que aumenta esses números para 761 cv e 104 kgfm, praticamente uma reprogramação de fábrica para aproveitar ainda mais o EQS - e o carro testado estava equipado com o pacote opcional. Os motores são refrigerados a líquido, assim como as baterias, pensando no uso mais extremo de potência sem prejudicar a eficiência ou perder capacidade de aceleração, por exemplo.
Imponência é uma das chaves do EQS. Seus 5.216 mm de comprimento carregam um design futurista e que não esconde a busca pela melhor aerodinâmica possível. A dianteira curta não permite nem abrir o capô - colocar água no lavador de para-brisa é feito por uma abertura no para-lama esquerdo. São 3.210 mm de entre-eixos, com grandes caixas de rodas preenchidas por um jogo de 21". As maçanetas retráteis se escondem para ajudar na aerodinâmica e limpar o visual do EQS quando em movimento. As lanternas em LEDs estão interligadas por um filete que passa pela tampa do porta-malas.
Por dentro, um foguete tecnológico. O painel de instrumentos é uma tela de alta definição de 12,8", algo até comum hoje. O show fica para a tela central, de 17,7" e uma para o passageiro, de 12,8", todas integradas em uma só peça em preto, com as saídas de ar em alumínio e acompanhada por LEDs selecionáveis por todo o interior. Couro, Alcantara e fibra de carbono se unem para dar a mistura de luxo com esportividade no EQS. Procure um defeito e falhe miseravelmente.
O volante de três raios guarda comandos do piloto automático adaptativo e, em dois comandos circulares, comanda o seletor de modos de condução, da suspensão pneumática adaptativa e dos controles de tração e estabilidade. As aletas aumentam ou reduzem a força de regeneração e, como em quase todo Mercedes-Benz, o seletor de marchas está na coluna de direção, lado direito.
No banco traseiro, espaço digno de um Classe S. Diferente do Porsche Taycan e Audi RS e-Tron GT, o EQS acomoda bem os ocupantes na segunda fileira. Comandos de ar-condicionado individuais aumentam a sensação de luxo e controle do EQS, além do acabamento cuidado dos bancos em couro. No porta-malas, com abertura elétrica, capacidade para 580 litros.
Com poucas horas para explorar todas as tecnologias do EQS 53, o foco foi andar. O lado de carro de luxo do EQS é bastante claro. Fica a observação para o painel alto, que pede um bom ajuste do banco do motorista para achar a melhor posição. Como um representante da Classe S, os bancos são praticamente poltronas ou sofás, dignos dos melhores projetos de design de interiores de qualquer mansão.
A suspensão adaptativa absorve o que está errado nas ruas e mantém o interior intocado. As configurações da suspensão permitem até a elevação para passar por alguns obstáculos diários, mas mesmo assim é quase normal ele raspar o fundo em entradas de garagens, até quando elevado. Vale o cuidado redobrado para não danificar nada, principalmente para-choques ou as proteções inferiores, onde estão as baterias.
A entrega de força é linear, mesmo se tratando de um carro com 761 cv e 104 kgfm de torque. O sistema distribui automaticamente entre os eixos e garantem essa suavidade sem sustos aos ocupantes. O consumo urbano foi de 4,2 km/kWh (23,8 kWh/100 km), ou uma autonomia de 450 km considerando os 107,8 kWh úteis, um bom número e que entra em uma faixa interessante, mas bem abaixo do declarado, acima dos 500 km.
Na estrada, foram 4,6 km/kWh (21,7 kWh/100 km), ou 496 km de autonomia. Acompanha o fluxo sem dificuldades, com força de sobra para retomadas e ultrapassagens. Em nossos testes, foi de 40 a 100 km/h em apenas 1,9 segundo, e de 80 a 120 km/h em 1,6 segundo. Isso, na prática, significa que ele cresce rápido, ainda de forma bastante linear, e não passa a sensação de ser tão rápido quanto os números mostraram.
Já em modo mais esportivo, o EQS encarna um AMG. A suspensão abaixa e os amortecedores ficam bem mais firmes. O sedã de 2.655 kg engole curvas com gosto, com a ajuda de um eixo traseiro direcional que vai desde um auxiliar em manobras em locais mais fechados a um sistema que acompanha o eixo dianteiro. Nem parece ser um carro feito com a proposta de luxo, mostrando como a eletrônica colaborou. Na aceleração de 0 a 100 km/h, apenas 3,5 segundos com o modo de largada ativo.
Com direito a ronco emulado, te empolga a explorar ainda mais o EQS assinado pela AMG. Não é como um Taycan Turbo S ou o seu primo da Audi, que são mais afiados neste ponto, principalmente pela suspensão ainda mais firme e baixa. Em compensação, o Mercedes-AMG é mais utilizável no dia a dia, manso, maior e mais confortável. Lembra do Classe S? Então...
Em poucas horas, não tem como explorar um carro como o novo EQS 53. Assim como o BMW iX, é um dos exemplos de tecnologia em carros elétricos a nível global e disponível em nosso mercado. Esperamos um teste completo para explorar, mas esse primeiro contato já nos mostrou que a Mercedes-AMG e Mercedes-Benz estão em um bom caminho na eletrificação.
Mercedes-AMG EQS 53
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