Quais atributos um SUV elétrico de luxo deve ter? O Mercedes-Benz EQS SUV 450+ chegou ao Brasil para ocupar o topo da cadeia de veículos elétricos da montadora alemã como referência em luxo, conforto e tecnologia. A versão SUV da linha EQS é baseado em uma plataforma dedicada e tem como missão cativar os clientes da marca na transição para uma linha elétrica. Como topo de linha, será que entrega tudo o que promete?
Apresentado há pouco mais de um ano, o EQS 450+ SUV é o terceiro modelo baseado na Electric Vehicle Architecture - Arquitetura de Veículos Elétricos (EVA). Seu equivalente no mundo dos carros a combustão é o GLS, mas aqui temos uma arquitetura moderna desenvolvida pela Mercedes-Benz, naturalmente, a mesma aplicada ao sedã EQS.
No primeiro olhar, o porte chama a atenção. O EQS SUV é grande, ainda que seja 10 cm menor que o sedã, com 5.125 mm de comprimento, longos 3.210 mm de entre-eixos e pode acomodar até 7 ocupantes. Além disso, pode levar de 645 litros a 888 litros (com 5 lugares) no porta-malas.
Falando um pouco do visual externo, assim como outros veículos elétricos da linha EQ, a principal diferença está na dianteira, onde o capô (fixo) é muito mais curto e íngreme do que estamos acostumados. A grade do painel frontal EQ também marca presença, com uma luz hexagonal 3D trabalhando com a luz diurna para criar uma assinatura distinta. Além disso, o SUV grandão de luxo surpreende pela boa aerodinâmica com um coeficiente de arrasto de apenas 0,26.
Para o Brasil, o EQS 450+ recebe o kit AMG Line, com rodas de 21”, faróis inteligentes, eixo traseiro direcional (10º), faróis Digital Light, interior com tela MBUX, sistema de som premium e navegação com realidade aumentada.
Mesmo sendo o modelo topo de linha e também o veículo elétrico mais caro da marca alemã, o interior impressiona. Assim como o sedã, a cabine se destaca pela presença do Hyperscreen, um elemento que integra o quadro de instrumentos de 12,3", uma tela sensível ao toque de 17,7" para o sistema de informação e entretenimento, além da tela de 12,3" para o passageiro. O conjunto dá um ar ainda mais moderno ao interior, sem contar a tecnologia embarcada e as comodidades oferecidas, muitas delas inéditas, mesmo para esse segmento.
Nesse segmento já estamos acostumados com os bons sistemas de áudio premium, mas o Burmester 3D é algo acima da média. O sistema de massagem evita as dores nas costas em longas viagens, enquanto o sistema Air Balance mantém a cabine com um aroma fresco.
O acabamento primoroso mescla couro ecológico, madeira e elementos de alta qualidade, enquanto todos os bancos da primeira e segunda fileiras possuem ajustes elétricos de altura e lombar. E o SUV também conta com iluminação ambiente, que você pode alternar entre diferentes universos cromáticos e níveis de luminosidade.
A sensação de conforto no interior é acentuada também pelo pacote Acoustic Comfort, com vidro que suprime o barulho externo, materiais macios reforçados e isolamento extra em relação a outros carros da linha ajudam a diminuir o ruído de rodagem e do vento. Na prática é notável como isso funciona muito bem, seja na cidade ou na rodovia, o SUV é um sofá sobre rodas.
Diferente do sedã EQS AMG 53 que o nós também testamos com seu motor duplo de respeitáveis 658 cv e 96,9 kg, a Mercedes-Benz optou por uma receita mais suave para o SUV. Nesta configuração EQS 450+, ele possui um motor elétrico de imã permanente no eixo traseiro, com 360 cv de potência e bons 57,9 kgfm de torque, com um conjunto de baterias de 89 kWh (98 kWh brutos) em 10 módulos, homologado para 367 km de autonomia pelo Inmetro, com uma potência de recarga de 22 kW em AC e 170 kW em DC.
Se o SUV EQS impressiona pelo porte, tecnologia e conforto, em movimento as coisas podem ser um pouco diferentes. Empurrar os quase 2.700 kg não é exatamente uma tarefa tranquila para o conjunto elétrico. Ele atende perfeitamente o uso no dia a dia, até porque acelera de 0 a 100 km/h em 6 segundos segundo a marca, porém, os mais exigentes podem sentir falta de algo mais 'orgânico', principalmente ao usar o modo Sport.
Por outro lado, sua proposta mais voltada ao conforto pode minimizar essa questão, focando muito mais no conforto ao dirigir e na experiência de tecnologia embarcada, que tornam o dia a dia mais com o carro mais agradável. Na cidade, incomodou um pouco a falta de modulação do pedal de freio, duro e sem progressividade, bem como o creeping muito forte, que te obriga a pisar realmente com força no pedal ao parar nos semáforos, por exemplo.
A suspensão ar adaptativa Airmatic permite ajustar a altura do solo e faz seu papel ao garantir conforto sem precedentes em qualquer tipo de piso. No entanto, para o motorista, ao dirigir em vias expressas e rodovias, sobretudo, a sensação de 'flutuação' da carroceria pode incomodar, deixando o instável além da conta. Além disso, a direção elétrica excessivamente leve é agradável no uso diário, não fica tão firme quanto desejável em velocidades mais altas. Ponto positivo é a direção nas rodas traseiras, que se inclinam a 10º, o que reduz bastante o espaço de esterçamento e facilita as manobras com o SUV de luxo grandão.
Como em outros Mercedes-Benz, ele não tem propriamente um modo de condução One Pedal. No entanto, conta com ótimo sistema de controle de regeneração que utiliza as borboletas atrás do volante para ajustar a intensidade da regeneração de acordo com a necessidade do momento - no modo mais intenso é uma condução com um pedal em boa parte do tempo. Bem melhor que acessar telas e menus para desabilitar a função.
A regeneração favorece o consumo de energia, e nesse ponto o EQS SUV se saiu bem. Apesar do peso, a média indicada no painel ficou entre 220 e 250 Wh/km, o equivalente a 22 e 25 kWh/100 km, dando uma autonomia projetada de 360-400 km, um pouco acima da média oficial.
Entre prós e contras, o Mercedes-Benz EQS SUV entrega bastante coisa: conforto sem precedentes, inclusive para quem vai no banco de trás, acabamento primoroso, tecnologia de ponta, o bom sistema de informação e entretenimento MBUX e ampla autonomia elétrica, ainda que possa melhorar na questão de dinâmica de condução.
Produzido na fábrica da Mercedes-Benz em Tuscaloosa, Alabama (EUA), o Mercedes-Benz EQS SUV 450+ custa R$ 998.900 - é o veículo elétrico topo de linha e um dos mais caros da tradicional marca premium alemã. E concorrendo num segmento onde conforto e tecnologia de vanguarda dão o tom, ele tem como rival mais próximo o BMW iX, lançado um pouco antes, pelo preço de R$ 889.950.
Mercedes-Benz EQS SUV 450+
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