Ainda que as vendas de carros elétricos e híbridos tenham crescido em ritmo acelerado no Brasil, o país ainda não possui uma política de Estado que direcione os esforços para a transição energética da frota dentro de um contexto mais amplo de redução global de emissões de CO2 e combate às mudanças climáticas.
Enquanto esses esforços já estão na agenda da indústria automobilística, em parcerias com governos locais, nosso mercado ainda segue 'por conta própria'. E não se trata apenas de 'mercados-chave' como a União Europeia, China e Estados Unidos, pois, muitos países em desenvolvimento já começaram a traçar suas estratégias para a descarbonização, como Índia, Rússia e Africa do Sul, apenas para ficar no exemplo dos BRICS.
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O país precisa discutir e encontrar um caminho ao definir uma estratégia de transição energética que esteja de acordo com a sua realidade econômica e geopolítica e utilize de forma mais eficiente os recursos disponíveis.
Se inserindo nesse debate, a Associação dos Fabricantes de Veículos Automotores apresentou o estudo "ANFAVEA: O Caminho da Descarbonização do Setor Automotivo", que apresentou três cenários para o futuro da motorização veicular, considerando a realidade brasileira, incluindo os resultados de um estudo inédito feito pelo Boston Consulting Group (BCG).
“Enfrentar as mudanças climáticas é o maior desafio da nossa geração. Na indústria automotiva, tecnologias de eletrificação e maior uso de combustíveis sustentáveis já se mostram um caminho sem volta. As empresas precisam se preparar para o desafio e mirar as novas oportunidades, investindo em produção,infraestrutura, distribuição, novos modelos de mobilidade e serviços, além da capacitação dos seus profissionais”, disse Masao Ukon, sócio sênior do BCG Brasil e líder do setor Automotivo na América do Sul.
De fato, a transição energética da frota de veículos é apenas uma parte do processo rumo à neutralização de emissões, que deve envolver diversos setores da economia. O estudo aponta ainda que vender exclusivamente veículos zero quilômetro "limpos", por si só, não é suficiente para reduzir de forma drásticas as emissões.
Após o aumento da participação de veículos limpos nas vendas totais, serão necessárias políticas rigorosas de inspeção veicular, taxação sobre carros mais poluentes, além da renovação da parte antiga da frota de carros a gasolina/flex e a diesel.
Uma estimativa aponta que serão necessários mais de R$ 150 bilhões de investimentos nos próximos 15 anos nas áreas de tecnologia e infraestrutura. Um esforço que envolve a indústria, os produtores de combustíveis e energia e o poder público.
Como já havíamos divulgado, dependendo do cenário futuro, os veículos leves elétricos e híbridos podem responder por 12% a 22% de participação de mercado no Brasil em 2030 e subir para o patamar de 32% a 62% em 2035.
Mesmo com a participação dominante dos eletrificados no cenário mais otimista para 2035, a maior parte da frota nacional ainda seria composta por carros com motores a combustão nesse ano, o que torna fundamental a discussão sobre o uso do biocombustível para reduzir as emissões durante a fase transição energética.
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Fonte: Anfavea