"O carro elétrico vai acabar com milhares de empregos." Quem, entre os adeptos da mobilidade elétrica, nunca se deparou com essa previsão? É uma frase que todos, ou quase, já ouvimos pelo menos uma vez. Mas será que é mesmo assim? Segundo especialistas, não. Pelo contrário, a transição energética, se bem conduzida, pode até ser boa para os empregos. 

Basta mudar seu ponto de vista: não olhe para o segmento pelo buraco da fechadura, mas dê uma olhada em todo o universo da eletrificação. Para mostrar esse caminho, Motus-E e CAMI (Centro de Inovação Automotiva e de Mobilidade do Departamento de Gestão da Universidade Ca 'Foscari de Veneza) apresentam o relatório "As transformações do ecossistema automotivo italiano".

Qual é o aumento no nível de empregos?

Os números geralmente não mentem e, neste caso, falam de um crescimento do nível de empregos da ordem de 6%, que veremos entre agora e 2030. Para alcançar esse resultado, a Motus-E e a CAMI estudaram mais de 2.400 fornecedores de componentes, que empregam cerca de 280.000 pessoas.

"As evidências – explicam a associação e o centro em mostrar a nova perspectiva – são o resultado de uma análise baseada em uma metodologia capaz de catalogar, pela primeira vez, também todas as atividades relacionadas à produção de veículos elétricos.

Para ampliar o escopo do exame para as novas realidades relacionadas à eletrificação, o estudo colocou sob a lente os 19 módulos macro característicos da produção de automóveis italianos, aos quais se referem 127 componentes elementares. Basicamente, todas as partes individuais que compõem um veículo, desde as válvulas até o tecido dos assentos."

Gigafábrica de baterias da Volkswagen em Salzgitter

Novas possibilidades

As páginas do estudo destacam que os colaboradores do futuro serão cada vez mais diferentes dos de hoje, pois nos próximos anos surgirão outras oportunidades relacionadas às novas atividades da cadeia de suprimentos da mobilidade elétrica.

Um exemplo? As baterias, um setor onde as giga fábricas em funcionamento trarão cerca de 4.000 empregos. Se você considerar outros negócios, como processamento e reciclagem de materiais, as oportunidades não param por aí. Mas o que pode ser feito para transformar as previsões em realidade? O Motus-E e o CAMI têm algumas recomendações: pedir o contributo da Europa e simplificar os instrumentos de apoio às empresas.

Os próximos passos

Agora a bola da vez está com o 'Observatório para as transformações do ecossistema automotivo italiano', lançado para assumir a dianteira, com o método e os ativos desenvolvidos, implementando-os graças ao apoio e orientação das partes interessadas.

"O Observatório sobre as transformações do ecossistema automotivo italiano – é o cartão de visita de Francesco Zirpoli, diretor científico do CAMI – foi criado para produzir evidências científicas sobre o estado da arte e sobre a evolução das habilidades de empresas e trabalhadores. Os resultados estarão ao serviço da investigação, do sistema econômico e das autoridades políticas. Será sediado em Ca' Foscari, no Departamento de Gestão, e fará uso da rede CAMI, formada por acadêmicos e pesquisadores de universidades e CNR-IRCrES".

Esse estudo mostra um panorama da indústria italiana, mas ele está em linha com outras análises globais que sustentam que pode sim haver um aumento no nível de empregos com a transição energética. Para isso, ela precisa ser bem estruturada, considerando as peculiaridades de cada mercado em particular, e isso serve também para o Brasil.