Primeiras impressões Mini Countryman SE ALL4: o iPhone dos carros
SUV, maior, prático e elétrico; parece fórmula para um carro atual, mas é só um Mini
De Cascais (POR) - A Apple pode ter desistido de fazer seu próprio carro, mas a ideia de ter o "iPhone dos carros" continua no ar. O aparelho da Apple deixou de ser o mais avançado entre os rivais há anos, mas a soma de um design apelativo, boa tela e um hardware aceitável ainda faz pessoas comuns gastarem mais de R$ 10 mil em um celular. Mas, e se uma montadora trouxesse esse conceito para os carros?
Com o novo Countryman SE ALL4, a Mini parece ter entendido essa ideia e o InsideEVs Brasil foi um dos poucos convidados da América Latina a já ter andado no carro, que tem previsão de chegar ao Brasil ainda em 2024. A novidade ainda não teve os preços nem as versões confirmadas para cá, mas já deu para ter um gostinho do que está por vir.
Mini Countryman 3 Max Pro
Lançado em 2010, o Mini Countryman está chegando agora à sua terceira geração. E como a própria marca nem esconde mais, é o maior Mini da história. São 4.445 mm de comprimento (+130 mm), 1.843 mm de largura, 1.635 mm de altura, 171 mm de vão livre em relação ao solo e 2.692 mm de entre-eixos. O porta-malas leva 460 litros de bagagens, ou 45 litros a menos que o equivalente a combustão. Cresceu em tamanho e isso se refletiu no peso: exatas 2 toneladas.
Sob o assoalho vai a bateria de íons de lítio com 66,5 kWh de capacidade (286,3 V/ 232 Ah), sendo 64,6 kWh usáveis. Em um wallbox caseiro entregando 7,4 kW de potência (230 V / 32A), uma recarga completa pode ser feita em 10h. Em corrente alternada, ainda pode ser usada uma tomada trifásica e o novo Countryman carregará a 11 kW. No caso de corrente contínua, como nos carregadores rápidos, o sistema aguenta até 130 kW de potência de carga. Nesse caso, uma recarga de 10% a 80% de capacidade da bateria pode levar somente 29 minutos.
O conjunto de baterias alimenta dois motores elétricos de 190 cv cada, instalados um em cada eixo para fornecer ainda tração integral. A potência total do sistema é de 313 cv, enquanto o torque é de 50,4 kgfm. E sim, o Countryman elétrico tem mais potência e torque que o equivalente a combustão, mesmo na versão esportiva John Cooper Works (300 cv e 40,8 kgfm).
Só não é mais rápido no 0 a 100 porque é bem mais pesado. O Countryman SE ALL4 cumpre a aceleração em 5,6 segundos, contra 5,4 s do modelo esportivo a combustão. Apesar do desempenho, a Mini declara que seu SUV elétrico tem uma autonomia de até 432 km pelo ciclo WLTP. A velocidade máxima é de 180 km/h limitada eletronicamente.
É difícil falar de equipamentos, uma vez que o pacote não está fechado para o mercado brasileiro. Ainda assim, todas as configurações saem de fábrica na Europa com 6 airbags, controle de cruzeiro adaptativo e uma série de assistentes de condução. Nas mais completas, ele já tem um nível de automação classificada como Nível 2, onde o carro assume o controle em determinadas situações, ainda que o motorista precise estar pronto para reassumir o comando a qualquer momento. As rodas são sempre de 17" para todas as versões elétricas.
Outro destaque vai para a cabine. A Apple não foi a primeira a usar Titânio no acabamento de um celular, mas com certeza reforçou à exaustão que o iPhone 15 usa o material. No caso do Mini Countryman SE ALL4, isso vai para a maior quantidade de materiais reciclados e recicláveis na cabine do SUV. Não é a primeira montadora a fazer, mas fez questão de destacar.
Algo mais interessante que a Mini poderia ter dado mais destaque é o acabamento do painel e das portas. Não é plástico, nem couro, muito menos emborrachado. É crochê, sim, crochê. As costuras com linhas largas dão uma aparência diferente para o carro.
Mas não seria uma comparação de celular com carro se a gente não falasse de tela. Porém aqui a vantagem é da Mini, não da Apple. A montadora manteve a tradição de seus grandes relógios redondos, algo que a gigante da tecnologia não faz. A cabine é dominada pela gigante tela circular de OLED que a marca fala apenas em diâmetro: 24 centímetros. Ela tem diversas customizações que são integradas aos modos de condução, além de atualizações remotas e integração com Apple Car Play e Andoid Auto sem fios. Aliás, o sistema é derivado de uma arquitetura Android de código aberto.
Venha pelo visual, fique pela experiência
Apesar de não acreditar pessoalmente que aumentar o carro em todas as dimensões seja realmente sustentável, vou ter que dar ao braço a torcer para a Mini. Assim como um celular premium, apostou em linhas mais limpas e marcantes, como a "quilha" atrás das portas traseiras que deixam a linha de teto bastante característica.
Assim como um celular da Apple tem cara de Apple, um carro da Mini tem cara de Mini, não importa o tamanho. Para diferenciar o Countryman do Mini hatch original, os faróis do SUV são menos arredondados. Na traseira, as lanternas de LEDs possuem uma assinatura ao se ligar e desligar o carro, não é algo novo. Mas customizar essa assinatura é algo que eu só vi até agora no SUV da Mini.
Claro, a carroceria maior tornou o interior do Mini Countryman bem mais agradável para estar. Dois adultos finalmente se acomodam bem no banco traseiro e um cadeirinha de bebê pode ser instalada sem ficar brincando de Tetris com os bancos dianteiros.
Sentando no banco do motorista, o acabamento de crochê realmente chama a atenção novamente por ser algo que nunca tinha visto em um carro. Não é só pela novidade, pois torna o interior mais convidativo e aconchegante. Mas, antes de entrar, você pode escolher entre usar a chave presencial do carro ou cadastrá-la em seu celular por meio do aplicativo da Mini e usar seu aparelho como chave.
O grande relógio central acumula quase todas as funções do carro, do velocímetro às configurações de cores da cabine. Para quem não gosta das informações de condução ao centro, o Countryman tem uma pequena tela no painel e à frente do motorista projetando informações de velocidade, sistemas de segurança e passo a passo de navegação com ícones coloridos e de fácil visualização.
As respostas aos comandos de toque da tela central não são tão rápidas, mas pelo menos a taxa de atualização da tela é boa e não se tem aquele efeito de redução de taxa de quadros por segundo na transição entre menus. O único porém é que, espelhando o Apple CarPlay, o sistema de mapas do celular fica em formato quadrado no centro da multimídia, sem usá-la inteiramente. Novamente algo que nunca tinha visto, mas de forma negativa dessa vez porque dificulta a visualização em algumas situações.
Falando em toque, a Mini também é conhecida por seus charmosos interruptores retrô. O novo Countryman permanece oferece isso, chegando ao ponto de o botão de partida parecer uma chave redonda, acionada torcendo-a para os lados como uma antiga chave física. Mas, em pleno 2024, seria recomendável ter um carregador de celular por indução com algum tipo de refrigeração, algo que o Mini não tem.
Sinceramente, a experiência de condução nesse carro não é algo tão relevante quanto a da cabine. SUVs "compactos plus" são extremamente comuns. Versões elétricas compartilhadas a partir de modelos a combustão, idem. Carro elétrico com bateria na casa dos 60 kWh e uns 400 km de autonomia também não é algo para se gabar, é o que mais se tem na Europa.
Mas ainda é um carro. A aceleração do Mini Countryman SE ALL4, como em qualquer carro elétrico, é forte. Mais que suficiente para acompanhar qualquer tráfego, mas a marca tomou um cuidado extra para não ficar "só na pancada" ao acelerar fundo. O SUV arranca de forma progressiva e sem sustos. É rápido, mas não amedrontador e a resposta do acelerador é bastante progressiva.
Destaque ainda para a resposta do pedal de freio. Não é sempre que a montadora acerta na calibração em um veículo elétrico. A dificuldade é que o pedal envia um comando para se reduzir a velocidade e o computador do carro decide se vai usar o freio regenerativo do motor elétrico ou os discos de freio físicos convencionais. Isso pode gerar uma resposta borrachuda no pedal, ou uma transição brusca entre o regenerativo e o convencional. Mas, ainda bem, não é o caso do Countryman. O SUV da Mini, mesmo elétrico, tem um pedal de freio absolutamente normal.
Falando em normal, o Countryman contorna as curvas como se espera de um Mini. Pouco rolamento de carroceria e respostas rápidas do volante. Como o torque vem rápido, a marca conseguiu um equilíbrio difícil: é um SUV elétrico alto e pesado que não decepciona quando você quer se divertir um pouco atrás do volante.
Galeria: Primeiras impressões Mini Countryman SE ALL4
Nas conservadas vias portuguesas, o Countryman absorveu bem os buracos sem muito incômodo. Mas o formato um pouco mais quadrado da carroceria, mesmo tendo um coeficiente aerodinâmico relativamente baixo (0,26 cx), acaba tendo consequências na estrada. É o único momento em que o silêncio da cabine é quebrado com um pouco de ruído de vento vindo dos espelhos e do parabrisa.
No final das contas, o novo Mini Countryman SE ALL4, assim como o iPhone, não faz nada de revolucionário. Mas entendeu bem o que seu público busca e quer em um carro elétrico. Receita para fidelizar bem a clientela, mas ainda temos que ver o preço da novidade quando chegar ao Brasil.
RECOMENDADO PARA VOCÊ
MINI Countryman SE ALL4: nova geração chega ao Brasil por R$ 294.990
Tesla Model Y reestilizado começa a ser produzido em janeiro de 2025
Novo Mini Countryman 2024 elétrico aparece em imagens teaser oficiais
CATL lança sistema Choco de troca rápida de baterias para carros elétricos
Novo Mini Countryman elétrico aparece em imagens teaser antes da estreia
Stellantis, Hyundai e Mercedes-Benz iniciam testes com bateria sólida
Teste Mini Countryman SE ALL4: Híbrido cheio de estilo