A Anfavea pleiteia ao governo federal uma revisão no cronograma de elevação do imposto de importação para carros elétricos e híbridos. A entidade defende que o ritmo atual de aumento das alíquotas, com previsão de alcançar 35% em 2026, não oferece proteção suficiente à indústria nacional.
No entanto, a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE) discorda da proposta da Anfavea. Segundo a entidade, a antecipação da alíquota máxima afetaria a previsibilidade do mercado e desestimularia investimentos no setor. A ABVE argumenta que a regra de retomada do imposto, definida em novembro de 2023, é recente e precisa de tempo para ser avaliada. Além disso, a entidade ressalta a colaboração com as empresas do ramo na definição do cronograma original.
O imposto de importação foi retomado em janeiro de 2024, inicialmente com tarifa de 12% para híbridos e 10% para elétricos, avançando até chegar aos 35% somente em julho de 2026 - a Anfavea quer antecipar em 2 anos essa alíquota máxima.
Propulsão: | Híbrido (HEV) | Híbrido Plug-in (PHEV) | Elétrico a bateria (BEV) |
Janeiro/2024 | 12% | 12% | 10% |
Julho/2024 | 25% | 20% | 18% |
Julho/2025 | 30% | 28% | 25% |
Julho/2026 | 35% | 35% | 35% |
Em conversa com o InsideEVs Brasil, Ricardo Bastos, presidente da ABVE, deixa claro que a proposta da Anfavea representaria uma quebra de acordo e geraria insegurança jurídica para o setor de veículos elétricos no Brasil. A entidade defende que o foco deve estar na criação de um ambiente regulatório que incentive a produção nacional de carros elétricos e híbridos, promovendo a competitividade da indústria e a geração de empregos no país.
Essa medida pode ter consequências negativas para o mercado, como a diminuição da circulação de veículos elétricos e híbridos, o que atrasaria a transição do setor automotivo para uma matriz energética mais limpa.
Um exemplo concreto desse impacto é o caso da GWM: a empresa, em razão da demora na aprovação do programa MOVER, optou por trocar a picape Poer pelo Haval H6 como modelo a ser produzido no Brasil. Essa mudança foi motivada pelo aumento do imposto de importação, que tornou a produção da Poer menos viável.
Por fim, Bastos reforça que constantes mudanças nas regras afetam diretamente os investimentos no setor. E aqui não estamos falando apenas das montadoras, mas também de empresas de energia, infraestrutura de recarga e eletropostos, que são essenciais para o avanço dos modelos de baixas emissões e zero emissão no país.
RECOMENDADO PARA VOCÊ
Como a ofensiva de produtos da BYD a levou ao topo de setor automotivo
EUA superam Europa nas vendas de carros elétricos pela primeira vez
Brasil quer 33% dos veículos elétricos com baterias locais até 2033
Euro NCAP reprova sistema ADAS do BYD Yuan Plus
China recomenda que montadoras evitem investir em países com super tarifas
Em breve no Brasil, Zeekr X ganha versão acessível de R$ 110 mil na China
BYD supera Tesla em receita de vendas pela primeira vez na história