O cenário automotivo global está cada vez mais polarizado entre duas potências: os Estados Unidos, tradicionalmente dominados pelas gigantes de Detroit, e a China, cuja indústria de veículos elétricos (EVs) cresce de forma avassaladora. Em resposta ao avanço chinês, os EUA têm adotado uma postura protecionista, com políticas que incluem tarifas de 100% sobre veículos elétricos chineses e restrições à obtenção de créditos fiscais para EVs com componentes vindos da China.
Esse protecionismo visa proteger a indústria americana, mas levanta questões sobre sua eficácia a longo prazo. Enquanto as montadoras americanas se concentram principalmente na produção de caminhonetes e SUVs movidos a combustíveis fósseis, a China está à frente na adoção de tecnologias elétricas, com marcas como BYD dominando mais de 60% do mercado interno, segundo a consultoria Dunne Insights. Em contraste, a General Motors viu seus lucros na China despencarem em 75% nos últimos cinco anos.
O protecionismo dos EUA pode ter impactos significativos não só no mercado automotivo, mas também em áreas como tecnologia e clima. No entanto, é possível que a estratégia de isolamento de Detroit deixe a indústria americana vulnerável. As vendas de veículos nos EUA estão estagnadas há décadas, e a dependência de grandes caminhonetes e SUVs limita as opções de eletrificação, especialmente considerando o custo elevado e as dificuldades técnicas de adaptar esses veículos para versões elétricas.
Diante desse cenário, alguns especialistas, como Liam Denning, da Bloomberg, sugerem que os EUA deveriam considerar parcerias com fabricantes chineses, de forma semelhante ao que a China fez no passado com empresas ocidentais. A Volkswagen já deu esse passo, unindo-se à Xpeng para desenvolver EVs mais acessíveis para o mercado chinês. A Stellantis seguiu o exemplo, colaborando com a Leapmotor, uma marca chinesa focada em veículos elétricos.
Nos EUA, no entanto, a resistência a essas parcerias é grande, principalmente por questões de segurança nacional e preocupações econômicas. Políticos americanos têm buscado "blindar" a indústria local contra a influência chinesa, mas essa estratégia pode não ser sustentável. A estagnação no crescimento das vendas e a saturação do mercado de caminhonetes e SUVs mostram que Detroit precisa de novas direções para se manter competitiva.
A eletrificação da frota de veículos nos EUA surge como uma alternativa para esse crescimento estagnado, mas as dificuldades para eletrificar caminhonetes pesadas e ineficientes em termos aerodinâmicos complicam essa transição. Sem mudanças significativas, os EUA correm o risco de ficar para trás no cenário global, enquanto os fabricantes chineses, como BYD e NIO, expandem suas operações, inclusive na Europa.
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Por fim, uma colaboração entre os setores automotivos dos EUA e da China poderia ajudar a amenizar tensões geopolíticas e econômicas. Parcerias estratégicas entre as duas potências poderiam não apenas impulsionar a indústria de veículos elétricos nos EUA, mas também contribuir para uma descarbonização mais rápida e eficiente. Contudo, isso dependeria de uma mudança significativa na postura política americana, que atualmente encara a China com desconfiança.
Em um momento crítico para o setor automotivo global, resta saber se os EUA continuarão a seguir o caminho do isolamento ou se buscarão uma abordagem mais colaborativa, reconhecendo a necessidade de aprender com o avanço chinês no segmento de veículos elétricos.
Fonte: InsideEVs EUA