Teste: Toyota Corolla Cross XRX Hybrid agrega conforto e economia

SUV híbrido deve alguns equipamentos, mas compensa pela eletrificação mais acessível

Toyota Corolla Cross XRX Hybrid 2022 (Teste) Toyota Corolla Cross XRX Hybrid 2022 (Teste)

Os híbridos ganharam espaço nas ruas quando a Toyota apostou no Prius, o primeiro híbrido de produção em massa. Desde então, algumas marcas até se aventuraram nesta tecnologia, mas muitas partiram direto para os plug-in, por oferecerem uma autonomia elétrica maior, ou para um veículo 100% elétrico. A Toyota ainda acredita neste sistema e o Toyota Corolla Cross é o segundo modelo a ser feito no Brasil e ter a tecnologia flex.

Construído com a plataforma modular TNGA-C, a mesma do Corolla, o Toyota Corolla Cross é muito próximo do sedã em diversos aspectos, mudando apenas a carroceria e alguns poucos equipamentos. Isto é uma boa notícia para quem quer o SUV médio com o sistema híbrido flex, pois ele traz muitos dos pontos positivos do sedã em um utilitário híbrido mais acessível por R$ 181.990 – vale lembrar que o híbrido plug-in mais barato é o Mini Countryman que custa R$ 259.990. Mesmo a versão topo de linha XRX, a que testamos dessa vez, custa R$ 188.590.

O Corolla Cross usa uma evolução do motor do Prius, com um 1.8 aspirado de 101 cv a 5.200 rpm e 14,5 kgfm a 3.600 rpm. Ele funciona com ciclo Atkinson, fazendo com que a válvula de admissão fique aberta de 20 a 30% mais tempo, o que reduz o volume da câmara no momento da explosão do combustível e faz com que um pouco da mistura de combustível e ar volte para o coletor de admissão. O resultado é que há menos perdas durante o bombeamento e a força necessária na compressão é menor. Por outro lado, embora sejam mais eficientes energeticamente, geram menos potência.

Este tipo de motor funciona bem com os híbridos por conta do propulsor elétrico, que compensa a falta de força do motor a combustão. Ao ligar o veículo ou iniciar o movimento, são os dois motores elétricos de 72 cv e 16,6 kgfm que fazem este trabalho, parando de funcionar ao acelerar mais o SUV e quando o sistema percebe que o motor 1.8 já está em pleno funcionamento para continuar a velocidade.

O que difere o Corolla Cross dos PHEVs é o fato de ter um conjunto de bateria bem pequeno, de apenas 1,3 kWh de capacidade. Ou seja, não dá para andar por muito tempo usando só a energia elétrica – até porque o sistema ativa o motor a combustão quando a carga das baterias chega a menos da metade. Ao passar de 80 km/h ou acelerar um pouco mais, o motor a combustão volta a agir. Ainda é possível apertar o botão “EV” e andar somente com o motor elétrico, mas exige um pouco de prática – basta acelerar um pouco mais que o modo elétrico desativa.

Atingir um bom rendimento vai depender muito de quem está dirigindo e das condições do trânsito. O Inmetro diz que o SUV chega a 11,8 km/litro na cidade e 9,6 km/litro na estrada. Em nosso teste, com etanol, alcançou os 13 km/litro no ciclo urbano e 14 km/litro no rodoviário, o que já fica bem acima do que aparece na etiquetagem veicular.

Buscar uma boa média de consumo com o Corolla Cross acaba virando uma brincadeira no começo. É possível colocar a central multimídia para mostrar quais motores estão sendo usados, o ciclo da energia e a carga da bateria. Acaba ajudando a treinar um pouco o motorista que está em seu primeiro híbrido por mostrar todas os detalhes durante a condução e logo aprendemos o quanto pisar no pedal do acelerador para usar somente o motor elétrico ou quando vale a pena mudar a transmissão para o modo “B” e aproveitar mais a regeneração pelos freios.

Claro, como dissemos ao falar do ciclo Atkinson, a eficiência tem o seu preço. São somente 122 cv de potência combinada (o torque não é divulgado pela Toyota), o que faz com que não seja realmente atlético. Precisa de 12,1 s para acelerar de 0 a 100 km/h, o que são 3 segundos mais do que seus principais rivais no segmento. Mesmo a retomada é mais difícil, levando 10,5 s para ir de 40 a 100 km/h.

Na versão XRX, o utilitário traz tudo o que é oferecido pela Toyota para o carro no Brasil. Tem 7 airbags, controle de cruzeiro adaptativo, alerta de ponto cego, sensores de estacionamento dianteiro e traseiro, painel de instrumentos com tela de 7”, ar-condicionado de duas zonas, teto solar, alerta de mudança de faixa, faróis e lanternas em LEDs, central multimídia de 8” com Android Auto e Apple CarPlay e muito mais.

Apesar da tecnologia na parte mecânica, deve um pouco nas demais. Mesmo custando quase R$ 200 mil, não apenas deixou de lado o freio de estacionamento eletrônico, como ainda usa um freio por pedal. A multimídia também não é das melhores, com uma navegação um pouco confusa e sem conexão sem fio para Android Auto e Apple CarPlay.

Se não se importa tanto com tecnologia, então vai ficar feliz em saber que é bem confortável. É inegavelmente o melhor do segmento neste atributo, com uma suspensão ajustada com esta finalidade, mesmo que use um eixo de torção na traseira ao invés de independente. O resultado é que transmite muito menos as vibrações do asfalto para dentro do veículo, sacrificando um pouco da esportividade. Basta fazer uma curva em alta velocidade para notar o quanto a carroceria balança.

Por ser o SUV híbrido mais barato do Brasil e trazendo o conforto que os clientes do Corolla gostam, fica fácil entender o bom desempenho do Toyota Corolla Cross nas vendas desde o lançamento em março. Logo tornou-se o segundo mais vendido entre os SUVs médios e o carro mais emplacado da marca japonesa no Brasil. Não é difícil imaginar que tenha virado o segundo veículo na garagem para quem tem o sedã e queria um SUV também. Seus pontos negativos podem desanimar os fãs de tecnologia, mas compensa facilmente pelo sistema híbrido, tornando-se uma boa escolha como um primeiro passo na eletrificação.

Toyota Corolla Cross XRX Hybrid
Motor dianteiro, transversal, 4 cilindros, 16 válvulas, 1.798 cm3, duplo comando com variador na admissão, flex + 2 motores elétricos
Potência e torque combustão: 98/101 cv @ 5.200 rpm/ 14,5 kgfm @ 3.600 rpm; elétricos: 72 cv e 16,6 kgfm; combinados: 122 cv
Transmissão transeixo com CVT, tração dianteira
Suspensão McPherson dianteira e eixo de torção na traseira; rodas de liga-leve de 18" com pneus 225/50 R18
Peso 1.450 kg em ordem de marcha
Comprimento e entre-eixos 4.460 mm; 2.640 mm
Largura 1.825 mm
Altura 1.620 mm
Capacidades tanque 36 litros, porta-malas 440 litros
Preço como testado R$ 188.590
Aceleração 0 a 60 km/h: 5,1 s; 0 a 80 km/h: 8,1 s; 0 a 100 km/h: 12,1 s
Retomada 40 a 100 km/h (em D): 10,5 s; 80 a 120 km/h (em D): 10,4 s
Frenagem discos ventilados na dianteira e sólidos na traseira. 100 km/h a 0: 39,0 m; 80 km/h a 0: 26,0 m; 60 km/h a 0: 14,8 m
Consumo de combustível cidade: 13,0 km/l; estrada: 14,0 km/l (etanol)