Migrar do motor a combustão para os veículos a bateria incluiu também mudanças de hábito, o que as vezes pode gerar insegurança. Podemos falar sobre muitas coisas, mas, sobretudo, da confiabilidade no uso cotidiano e também das informações que o carro dá ao motorista, principalmente a autonomia, ponto crucial para quem dirige um carro elétrico.
No caso específico do Renault Kwid E-Tech, um elétrico pensado para as cidades, a autonomia está entre os itens que merece atenção, seja pelo tamanho da bateria, que com 27 kWh está homologada para um alcance de 185 km pelo Inmetro, quanto pelo modo de condução: Normal ou Eco, que influenciam diretamente no alcance. No entanto, no uso real esse rendimento é bem maior, como veremos adiante.
Dito isto, à medida em que você começa a dirigir o carro elétrico no uso cotidiano e por períodos mais longos, vai entendendo quando realmente é necessário carregar a bateria. Na prática, a temida "ansiedade de alcance" vai desaparecendo e o uso ficando mais tranquilo, enquanto você usa o carro até um estado de carga mais baixo da bateria. Em poucas palavras, você carrega o carro com menos frequência, na hora em que realmente é necessário.
Nesse ponto, pra deixar o nível da bateria cair para um estado abaixo de 20% ou mesmo 10%, é fundamental que as informações fornecidas pelo carro sejam confiáveis. Digo isso, porque recentemente durante a avaliação com outro modelo, um JAC e-JS1 usado, o carro simplesmente "apagou" no meio da rua quando a indicação do estado de carga chegou a 14% no painel, sem contar as "falhas" de informação mesmo na casa dos 20%.
Mas voltando ao Kwid E-Tech, isso não foi um problema, considerando que já estamos com o carro há vários meses. Já chegamos, inclusive, a deixar o estado de carga ficar abaixo de 8% e com os dados de alcance e carga precisos. Ainda nesse tema, quando você se acostuma a dirigir o carro elétrico e adota um padrão, o consumo de energia se "estabiliza", tornando a quilometragem com uma carga muito mais previsível.
Aqui, quando peguei o carro a média no uso urbano dificilmente se afastava dos 11 kWh/100 km, mas após alguns dias, adaptação no uso e calibração correta dos quatro pneus, foi percebida uma melhora imediata no alcance, e a média geral caiu para abaixo dos 10,0 kWh/100 km nas mesmas condições de uso.
Nessa média, a autonomia estimada sempre fica ao redor dos 260 km com a bateria totalmente carregada, um número suficiente considerado as necessidades do dia a dia urbano, geralmente carregando uma vez por semana.
E falando de recarga, justamente por não ser tão grande, a bateria do Kwid E-Tech acaba levando "vantagem", se é que podemos dizer assim. Na hora da recarga são 26,7 kWh para "encher", então mesmo parando em um carregador do tipo wallbox de 7,4 kWh, daqueles comuns em shoppings, estacionamentos e supermercados, dá pra recuperar de 30% a 80% em 1 hora e 45 minutos, ou cerca de 25% em uma hora. Usando um carregador rápido, a missão pode ser cumprida em menos de meia hora.
Moro em apartamento e ainda não tenho carregador disponível na residência, então a maioria das recargas do Kwid E-Tech foram feitas em um ponto de recarga aqui no estacionamento do prédio onde fica a redação, que cobra R$ 1,80 por kWh. Dito isto, seriam R$ 48,00 para "encher" a bateria e rodar 240 km, o que dá R$ 0,20 por quilômetro rodado.
Na prática, porém, em algumas situações realizei recargas parciais em locais com carregamento gratuito, o que baixaria um pouco esse valor final. Se tivesse um carregador em casa, por exemplo, o mesmo custo por quilômetro ficaria em apenas R$ 0,09, considerando o custo de energia residencial na Grande São Paulo.
Em resumo, o fato de ter um carregador no local de trabalho mudou o jogo a favor de ter um carro elétrico, compensando a ausência na residência. Com um local fixo para a recarga, o uso do carro elétrico e o processo de carregamento se torna algo tão automático e simples que fica mais fácil abandonar o carro a combustão e o posto de gasolina, sem contar o maior conforto e a vantagem de gastar menos ao rodar.
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